CUIDADO COM O DUENDE!!!

Ser famoso não é apenas um reconhecimento. É um documento, um alvará, um Habeas corpus... É a própria Carta Magna. O notável parece que possui outra cor de sangue, que respira outro tipo de ar e gravita numa dimensão diferente dos outros mortais. É como ser de outra raça, de uma linhagem diferente, rara.

Celebridade é alguém que por um motivo ou por outro, a mídia carimbou e que todo mundo sabe quem é, quantos anos tem, se é casado ou solteiro, se tem filhos...É a pessoa que não precisa de convite, de chave, de senha. Aonde chega, não só vai entrando como vai sendo aplaudida.

É claro que existem famosos que fizeram, ou fazem, coisas realmente bacanas, admiráveis, que justificam a sua entrada num mundo à parte, no planeta dos incomuns. A questão aqui não é essa.

O problema é constatar que tudo o que o afamado faz fica bonito. O cara usa uma roupa ridícula e é copiado. Fala um monte de baboseira e é aclamado. Pinta algo medíocre e é ovacionado. Escreve algo banal e é glorificado.

As pessoas, estas que vivem no mundo dos normais, costumam santificar imagens vivas como se fossem imaculadamente perfeitas. Tudo bem que os ídolos estão aí para serem admirados, mas não dá para esquecer que são feitos de carne e osso também. Que respiram, que dormem, que comem e vão ao banheiro como qualquer um. Que erram, fraquejam, pisam na bola, surtam como todo mundo; muitas vezes numa proporção tão estrondosa quanto à própria fama.

Todos nós temos nomes ilustres gravados em nosso caderninho de tiete e sentimos prazer em acompanhar o trabalho que realizam, mas é recomendável dosar a idolatria e não deixar que o nosso tino se descontrole e coloque estas figuras num pedestal inatingível. É prudente entender que os ídolos têm lapsos de genialidade em meio à normalidade e não o contrário.

Desta forma, quando alguma personalidade entusiasmada afirma que viu um duende aos pés da cama puxando-lhe os lençóis , ao fã cabe a sensatez de concluir que foi apenas fruto da sua imaginação e não sair por aí e vociferando ao embalo da bandeira do fanatismo: - Duende existe! Duende existe! Mesmo que jamais tenha visto um.

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Para quem não viu: Xuxa disse em entrevista ao programa “Altas Horas”, da TV Globo, que já viu um duende debaixo de sua cama, puxando os lencóis. A platéia aplaudiu!