O TAMANHO DO INFINITO
O TAMANHO DO INFINITO
( O Independente - edição 36 de março de 2002 )
Os raros, mas não menos importantes leitores deste escriba, talvez julguem pretensioso o título. Mas não é. Só passa a ser conhecido, a fazer parte do nosso mundo, aquilo que conhecemos. O desconhecido está a desafiar a inteligência humana. O Homem possui cinco sentidos. Sexto sentido é desconhecido para muitos. O cérebro irradia ondas eletromagnéticas e como nem todos usam muito o cérebro, nem todos irradiam ondas eletromagnéticas, mesmo os célebres. Por dedução nem todos possuem sexto sentido. Os cinco sentidos são limitados pela própria limitação humana, que são comandadas pelo cérebro. O sexto sentido é ilimitado pela ilimitação do cérebro.
Tato: Somos tão limitados. Somos mamíferos. Temperatura interna do corpo 37 ºC ( homeotérmico), razão da limitação táctil. Não seguramos em nossas mãos nem algo quente demais, nem frio demais. Existem animais mais aptos ao calor do deserto,como o camelo, e ao frio dos pólos, como as morsas, deixando nós humanos no chinelo.
Audição: Ouvimos sons na faixa de 20 Hz até 20 KHz. Um cachorro ouve infra e ultra som, dando um banho na humanidade. O morcego então possui um radar que dispensa até a visão, sem comentários.
Olfato: Nossas narinas são razoáveis à 25ºC e 50% de umidade relativa do ar, em ambientes arejados. A zero grau, somos uma catástrofe. Um urso polar sente o cheiro de uma foca a 20 Km de distância no Pólo ártico a -30ºC de temperatura, ufa.
Paladar: Aí então nem se fala. Humanos são despreparados, e temos a ousadia de auto-intitular onívoros, isto é: comemos de tudo. Tudo que seja fresquinho, bem preparado, bem temperado, sem repetição de cardápio, nem muito quente, nem frio demais. Creiam que qualquer Urubu, que não se gaba por aí, possui cardápio mais amplo e variado e sem frescura.
Visão: Aí mora o perigo. Humanos são educados a crerem mais no que ouvem do que em sua fraca visão. Mesmo assim querem julgar o que não necessita ser julgado. Nossos mortais olhos humanos são péssimos quando em excelente estado. Captamos as freqüências de luz do vermelho ao violeta, nossas íris só têm olhos para o arco íris. O infravermelho dos controles assim como o raio ultravioleta não é visto. Raios gama, Raios X, não são raios, são freqüências de luz que não captamos pela limitação ocular. Uma águia enxerga melhor que o homem. O homem só fala melhor que o papagaio, porque papagaiadas são coisas de humanos. Falar não é um sentido humano, nem faz sentido a comparação, mas ilustra bem a habilidade humana de ludibriar seu semelhante.
Relembro essas fraquezas dos sentidos humanos para alertar que o conhecimento humano é fruto da comparação. Assim é: Perdemos para um camelo e uma morsa. Somos menos que um cachorro ou um morcego. Não encaramos um urso polar e nem sentamos à mesa com um urubu. Enxergamos menos que uma águia. Vemos mal e porcamente o que está ao alcance de nossas vistas, se esquecendo que ao olharmos para o infinito de um céu estelar, tentando desvendar o que não compreendemos, ou, ao utilizarmos um microscópio eletrônico para compreendermos que a menor partícula da matéria, um réles e indecifrável neutrino, com seus mésons e prótons, nos esquecemos que é no imaginário de nosso cérebro humano que vislumbramos e visualizamos o que desejamos enxergar. Nossos sonhos tentamos tornar realidade, dentro de nosso imaginário procuramos forças para sobreviver, e mesmo assim nos julgamos superiores.
Há milhares de anos saímos de nossas cavernas por um ato de solidariedade, em grupo caçamos, em comunhão saciamos a fome, e em sociedade constituímos nossas famílias. Ajuntávamos nossos corpos para nos aquecer do frio glacial, quando dominamos o fogo há 15 mil anos atrás. Para nossos antepassados o mundo era sem fronteiras. Hoje ao dominarmos muitas técnicas, nos esquecemos de é de nosso cérebro, que sonha, que esta a semente de tudo. Quando perguntaram ao Albert Einstein quanto do cérebro um ser humanos utilizava, ele respondeu menos de 10%. Porque não há percentagem de algo infinito. Infinito não é o que nossos mortais sentidos humanos captam, mas sim o sonho de cada homem em busca de um mundo cada vez melhor. Infeliz do homem que realizou todos seus sonhos em vida, sinal de sua pobreza espiritual. Os homens das cavernas nunca tiveram a noção de infinito, mas isto era para quem instintivamente sabia que o tamanho do infinito cabia exatamente dentro de sua cabeça.