UMA VOZ QUE PRECISA APRENDER A CALAR

UMA VOZ QUE PRECISA APRENDER A CALAR

"Ah! Quem me dera este Outono que me invade

Sutil e silenciosamente me translade

para outas plagas onde eu possa adormecer"

(Feridas de Outono- Milla Pereira)

A voz que precisa aprender a calar é a minha, eu a dona dela nem sempre consigo sufocá-la e me perco na existência dos meus pensamentos que, sem domínio, teimam em tornar público o concreto que me exaspera , quando na realidade viveria melhor no abstrato mudo onde a representação figurativa não transcende as aparências exteriores da realidade. Já que clamo pelo silêncio deveria exigir da minha condição existencial o distanciamento da realidade e me firmar nas indagações filosóficas, a começar pensando como Platão e Descartes: não aceitando nada como verdadeiro até a confirmação própria como tal, para isso usando a razão, já que nada garante que os nossos sentidos são confiáveis. E por que tenho que recorrer a razão? Porque já não sei distinguir o sonho da realidade e não sei onde buscar o marco capaz de tornar clara a diferença entre o estado acordado e o sonho. Se sonho, acredito real o que vivo, só que o meu “real” só existe na minha imaginação, que embora não exista de fato, só penso.

Contraditória... Mas quem não é...?

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 08/04/2009
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