UMA VOZ QUE PRECISA APRENDER A CALAR
UMA VOZ QUE PRECISA APRENDER A CALAR
"Ah! Quem me dera este Outono que me invade
Sutil e silenciosamente me translade
para outas plagas onde eu possa adormecer"
(Feridas de Outono- Milla Pereira)
A voz que precisa aprender a calar é a minha, eu a dona dela nem sempre consigo sufocá-la e me perco na existência dos meus pensamentos que, sem domínio, teimam em tornar público o concreto que me exaspera , quando na realidade viveria melhor no abstrato mudo onde a representação figurativa não transcende as aparências exteriores da realidade. Já que clamo pelo silêncio deveria exigir da minha condição existencial o distanciamento da realidade e me firmar nas indagações filosóficas, a começar pensando como Platão e Descartes: não aceitando nada como verdadeiro até a confirmação própria como tal, para isso usando a razão, já que nada garante que os nossos sentidos são confiáveis. E por que tenho que recorrer a razão? Porque já não sei distinguir o sonho da realidade e não sei onde buscar o marco capaz de tornar clara a diferença entre o estado acordado e o sonho. Se sonho, acredito real o que vivo, só que o meu “real” só existe na minha imaginação, que embora não exista de fato, só penso.
Contraditória... Mas quem não é...?