Dinheiro Fede mas É Bom
Depois de um longo período de penúria, durante e logo após a obra que erigiu nosso lar, comecei a ver o vil metal com um pouco mais de carinho do que o meu coraçãozinho de esquerda e minha alma de poeta permitiam.
Tomamos um tombaço da construtora e, se não fossem as bênçãos e os bolsos da mamãe, ainda estaríamos lutando para terminar a casa.
Sei. Dinheiro realmente não traz felicidade. Tem gente de ânimo sombrio daqueles que não há prazer neste mundo que possa alegrar. Por mais que tenham tudo sempre irão querer mais, insatisfeitos e melancólicos. Por outro lado, há aqueles que são felizes em quaisquer circunstâncias. No melhor estilo "não tenho tudo o que amo, mas dane-se!". Sabem tirar leite de pedra e se deixam encantar pelo sorriso de uma criança, as traquinagens de um cãozinho, o pio de uma coruja. Pode ser por simples "laissez faire", pode ser por um espírito muito mais rico e evoluído, como é o caso, por exemplo, da Madre Teresa de Calcutá. Circula a história de que, ao vê-la ajudando pessoas portadoras de doenças contagiosas, um jornalista que a acompanhava disse-lhe que não faria aquilo por dinheiro nenhum deste mundo. Ao que ela respondeu:
- Nem eu, meu filho, nem eu.
Lembro de uma palestra motivacional em que o palestrante citou José de Alencar, nosso vice-presidente:
- É um homem riquíssimo. Um dos mais ricos do Brasil. Quando descobriu um tumor, consultou-se com os melhores médicos do mundo. Agora, que o câncer voltou, já reiniciou os tratamentos mais caros. Pergunto: alguém gostaria de estar no lugar dele?
Não, com certeza, ninguém gostaria de ser riquíssimo e estar com câncer. Mas, certamente, qualquer um que esteja com câncer gostaria de ter o suficiente para poder prolongar sua permanência por aqui. Quantos morrem de doenças muito menos destrutivas por serem abandonados à própria sorte nos corredores dos hospitais, vítimas do nosso mais do que pobre sistema público de saúde?
Mas, vamos mudar de assunto, não enveredemos por este caminho pedregoso que hoje eu quero escrever para fazer sorrir.
Lembrei até de uma piada:
Um homem entra num bar com uma avestruz e tudo o que ele pede, a ave pede igual. Em seguida, retira do bolso sem contar, o dinheiro certinho para pagar a conta, incluindo os centavos. O garçom admira-se e pergunta como ele poderia ter no bolso o valor exato. Ele explica que há alguns anos encontrou uma lâmpada mágica, de onde saiu um gênio que lhe concedeu dois desejos.
- O meu primeiro desejo foi ter sempre no meu bolso a quantia certa para pagar o que quer que fosse, de um cafezinho a um imóvel.
O garçom ficou bastante impressionado com a esperteza do freguês.
- Mas, e a avestruz?
- Bem, foi o meu segundo desejo... Desejei uma peituda com rabo grande, longas pernas, que me seguisse para todo o lado e que concordasse em tudo comigo.
Tirando o segundo desejo que botou tudo a perder, o cara foi brilhante. Pense bem! Ter sempre o valor exato para as suas necessidades ou desejos? Não precisar lidar com bancos, cartões de crédito, colchões forrados... Sem medo de ladrões, relacionamentos interesseiros, seqüestro relâmpago. E, ainda assim, ter ao alcance da mão tudo o que desejar...
Na falta de magia a gente trabalha. E faz economia, plano de previdência, seguro, tudo para garantir a tranqüilidade de poder enfiar a mão no bolso e tirar o suficiente para pagar por aquilo de que se necessita. De preferência, sobrando um troquinho para pagar também por aquilo que se deseja.
Não é mesquinharia... É sobrevivência.
Como diz o meu irmão, "Dinheiro fede mais é bom. Gosto mesmo é desse chulezinho na minha carteira."
Imagem daqui.