Tomando um café

Tomando um café.

Sentei-me a mesa de um café e comecei a observar as pessoas.

Diferentes, iguais a nada.

Todas arrumadas outras disfarçadas.

Olhei alguém que do nada apareceu pedindo um café e uma água gelada.

Vi um senhor que se sentou tranqüilo lendo o jornal.

Um casal que se abraçou sem medo das olhadas.

Vi a garçonete olhando para porta imaginando, quanto tempo ainda faltava.

Peguei o cardápio e vi que nada combinava com nada.

Resolvi mudar, pedindo em voz baixa

Um café de ilusão com um pouco mais de emoção

Queria um pouco de açúcar sem adoçar a decepção

Uma água gelada quem sabe afogar as mágoas.

Vi que poderia ter uma historia em cada café.

Um café que chorava as lágrimas de uma malvada.

Um café soberbo de uma dissimulada.

Também teria um café de alguém que ainda sonhava.

Um café gelado outro bem amargo.

Para entender toda cilada

Um café que poderia ser planejado

Com canela ou mascavo

Simplesmente um café para brindar a derrota

Ou que sabe um café bem Melado

Para entender que o pior estava ao lado.

Um café na xícara pequena, pois não precisa de mais nada

Um café na xícara enorme, para sentir a dor do golpe.

Café de ilusão com açúcar sem emoção

Café de coração só assim se entende a traição.

Um café só de mentira esse seria sua golada

Um brinde a todos os monstros que passava na calçada.

Um café de esperança de nunca mais sofrer por nada

Um café sem tolerância pra mandar você pra outra estrada.

Poderia pedir um cappuccino mais seria exagerada

Mas uma xícara bem quente melhor que água gelada

Queria um café dos sonhos, não melhor que não tenha nada

Sonhos são mentiras, mesmo estando em outra estrada

Um café de pouco leite ou curto aparada

Café com alegria você não tomaria nem adoçado.

Vi que as pessoas tomavam um gole meio forçado

Talvez lembrança dos golpes ou do café que estava amargo.

Café que descia embolado com medo de ser amado

Pois ser traído de confiança nem café descafeinado

O melhor seria um café desenrolado

Mesmo vendo cada pessoa, não imaginava seu percalço

Café atrapalhado daqueles que foram humilhados

Tomando um café, talvez importe a cada pessoa que está ali sentado

Avaliando, sonhando, idealizando, ou até mesmo rezando por quanto tempo foi enganado

O que importa o motivo

Se café é só café em um cardápio feito livro sujo, que pode ser rasgado

Edson Rufo

Edson Rufo Escritor
Enviado por Edson Rufo Escritor em 06/04/2009
Código do texto: T1526125
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