COM PAN A ALEGRIA VOLTARÁ À CIDADE
07/03/2007. Ultimamente nossa cidade tem vivido momentos de horror. A todo instante nos chegam notícias terríveis de violência, que tenho que fazer um esforço enorme, para conseguir escrever algumas palavras mais amenas aqui.
No caminho para o trabalho, passo diariamente em frente ao conjunto de prédios onde ficarão hospedados os atletas dos jogos pan-americanos. A chamada Vila do Pan. Observei que, ainda hoje, a maioria de trabalhadores da construção civil é de origem nordesti-
na. Naquele formigueiro humano, na hora da entrada ao canteiro de obras, fica bem evidente esta parcela da população do Brasil.
Não.Não estou denegrindo ou fazendo aqui um comentário pejorativo sobre esses nossos irmãos. Na verdade fico feliz em vê-los indo também felizes para o trabalho que, como todos sabem, não é nada fácil. Carregam massa, tijolos, se penduram em andaimes lá no alto, e a obra vai indo em frente. Digo felizes porque quando embarcam no 751, ônibus em que eu também viajo, vão fazendo brincadeiras com os companheiros, falando mal do time do colega, colocando apelidos engraçados, etc...
São de várias idades, vinte, trinta e até alguns com a cabeça encarneirada, mas nota-se ainda um vigor físico.
Enquanto o coletivo andava, eu ia pensando: Eles fizeram Brasília, São Paulo e continuam a fazer o Brasil.
De repente um deles interrompe meus pensamentos com um grito: Ô piloto, nós “vai” descer aqui!! Era o portão da Vila. E lá foram eles dando cocorotes uns nos outros.