marias

Marias

Elas parecem todas iguais, mas o sofrimento vivido por cada uma é bem diferente, pois a cada caso uma história se faz presente marcando essas vidas com sensações que variam a cada instante. Poderia aqui citar vários exemplos de Marias sofridas por esta vida e que não vêem outra alternativa senão pegar o chifre com as mãos e seguir em frente.

Um deles seria daquela Maria que, para sair de casa, resolveu se casar na esperança de encontrar um pouco de paz para sua vida, não sabendo que pela sua própria inexperiência sofreria ainda mais: o seu o parceiro vestia uma capa de cordeiro dócil, fácil de ser levado, e se transformara num lobo feroz após o casamento não deixando que ela tivesse alguns minutos como ser humano normal. Tinha que servi-lo quando fosse mais conveniente para ele. Para manter uma situação se sujeita a situações constrangedoras, mas é o que a vida tem para lhe oferecer naqueles tempos de total submissão.

Conheço um caso, que eram apaixonados um pelo outro, não sabendo o motivo desta separação, e deixaram uma menina que deve ter hoje seus sete anos. Seu pai era um conquistador parecendo marinheiro, pois a cada porto, ele se envolvia com uma mulher. Foram quase doze anos de relacionamento com a mãe. A jovem garota começou a freqüentar a casa do pai que tinha filhos com outra mulher, que também descobrira que ele tinha outro caso no interior. Como pode ficar a cabeça dessa criança? Em que valores ela se apóia? Só sei que ela é a rainha da casa, mesmo sendo tão jovem. Qual seria pior: presenciar as brigas do casal no dia-a-dia ou a separação? Esta é uma interrogação em minha cabeça.

Há casos de jovens meninas que deixaram suas terras natais para virem para um mundo que elas julgam ser melhor, ver se encontra ali um novo tipo de vida, menos árdua do que aquela do campo, uma labuta de sol a sol, onde a semana só se definiria no domingo. Era o dia de entrega aos seus cultos religiosos independentes de quais fossem. O resto da semana não tinha muita diferença - era o trabalho que determinava cada uma de suas vidas. Umas aceitavam aquela vida por já estarem tão envolvidas com a rotina, que era passada de pai para filhos, de gerações a gerações. Nunca se preocuparam em mudar. Por falta de opção ou até mesmo por desconhecer o outro lado da vida. É o que acontece com algumas delas, que saíram daquela vida para migrarem para qualquer outro lugar e muitas vezes quebram a cara, pois eram iludidas com palavras doces e carinhos mil, mas que no fundo são uma forma de se prostituírem para conseguir o seu ganha-pão. Muitas dessas meninas se engravidam, fazendo da sua vida um caos completo, por não terem ninguém que possa lhes dar uma orientação adequada. Sentem-se sós no mundo, com medo de tudo e de todos e, pela sua ingenuidade, agravam-se suas condições de vida. Ainda assim resiste em voltar para casa, porque acha que seria crucificada por tudo aquilo que havia passado em vez de ficar ali com os familiares, onde ali mesmo poderia ter arrumado um casamento e ser uma pessoa mais feliz. Muitas vezes, vendem as crianças por qualquer preço e ficam naquela vida sem rumo. Os pesos dos janeiros já começam a pesar nos ombros daquele corpo gracioso de menina jovem, muitas vezes bonita, e se acabam com o tempo e nessa vida tudo para elas se acaba. Pulando de cama em cama, sem ter uma companhia fixa que pudesse aliviar um pouco a dor e dividir aquela solidão que, com certeza, será inevitável.

Temos o outro tipo também que quer ter um filho. Para elas, essa é a benção maior de Deus, mas não pensam nas conseqüências. O parceiro muitas das vezes seria só um detalhe, pois à vontade de ser mãe supera qualquer contratempo.Durante os noves meses a felicidade mora em seu rosto sem importar com mais nada. Para ela, aquilo é uma graça, onde Deus está lhe dando de presente uma jovem criatura. De um modo geral, pode ser que aconteça sob duas circunstâncias: uma, o pai não seja uma pessoa normal, como bandido, gigolô ou aqueles que não querem nada com a dureza. Não só pela crise econômica do país ou por serem acomodados de fato. Deixando a mulher, mesmo grávida, tendo de dar seus pulos para o bem estar da criança que está para chegar. E esta situação ainda se complica mais, pois na maioria das vezes essas mulheres não fazem um acompanhamento devido, o pré-natal, deixando que tudo se transcorra naturalmente e daí pode entrar em desespero quando descobre que a criança pode ter algum tipo de problema. Aquela doce criança, passa a ser um tormento na casa da mãe que muitas das vezes não está preparada para aquela nova situação que está para se iniciar. São poucos casos onde assumem totalmente as crianças portadoras de alguma deficiência. Muitas vezes são largadas em qualquer orfanato, ou creches, e nunca mais vão vê-las. O que seria uma abertura para uma nova vida, passa a ser um peso a mais. O que seria pior: que ela crescesse bonita, inteligente, educada para ser estuprada por um João qualquer?

Ainda posso dar vários exemplos do nosso dia-a-dia. Aqui estão poucos casos relacionados a Marias pobres, mas temos o outro lado da medalha com as filhas de casais ricos, que passam por problemas diferentes, porém problemas: como a solidão de não ter a companhia do casal, ser levada de um lado para o outro para não atrapalhar o programa. Quando menor, não deixar que o vulto dos seios maravilhosos, se acabem por causa de vaidade pessoal.

Ter que deixar as crianças com terceiros que não tenham uma cultura suficiente para que possa tomar conta delas a contento, podendo ser mesmo por não saberem e por isso não têm aquela prática fundamental nesta hora.

Quando o casal se separa e as crianças têm de fazer uma escolha para um dos lados, acaba escolhendo aquele que de certa forma os acolheu melhor, fazendo todas as suas vontades e não deixando faltar nada para eles. Perguntando agora para vocês: com quem ficaria uma criança linda, filha de uma mãe destrambelhada, mas que cuida muito bem dela e trata-a como uma rainha. Com o pai que tem um nível cultural bem superior e que pode propiciar a esta criança todas as suas vontades? Neste caso em questão, o casal tem atritos constantes longe da menina para que ela não perceba o que acontece, mas é gritante o desnível social e cultural do casal. Faça vocês uma breve reflexão e me dê o futuro dessa linda Mariazinha.

Não poderia deixar de ressaltar aqui aquelas belas Marias que cuidam de seus filhos com uma dedicação única, muitas das vezes sendo até enérgicas com eles, pois para se ter alguma coisa nessa vida temos de passar por provações morais para que ela nos dê de presente uma bela estadia aqui. Mas isso não é fácil de ser feito em função de que vivemos numa comunidade que a cada dia se preocupa mais com seu próprio bem estar e estas guerreiras mulheres são de suma importância no papel da orientação dos menores, na jornada de cada um deles.

Só quero que todas as Marias dessa vida encontrem seus verdadeiros parceiros para sempre buscarem a felicidade junta.

Escritordsonhos
Enviado por Escritordsonhos em 05/04/2009
Código do texto: T1524089