Bêbado, Noé ficou nu
Que vida é a daquele
a quem falta o vinho?
Eclesiástico 31,33
Quando chega a Semana Santa, entrego-me à leitura diária da Bíblia. Há quem não acredite nessa história. Sou julgado pela tibieza com que me apresento aos olhos de muita gente. Não ligo.
Ultimamente venho percorrendo as páginas do Antigo Testamento. Apesar de seus capítulos e versículos serem imensos e de difícil compreensão, eles oferecem primorosos e úteis ensinamentos. Já me haviam dito isso e eu resistia em acreditar. Preferia ler, apenas, os Quatro Evangelhos.
Nas últimas horas, detive-me no Eclesiástico, embora, a todo o momento, tentado a retornar ao Cântico dos Cânticos, o Livro sagrado da minha preferência. E às páginas tantas, encontrei conselhos como estes: - "Não faças mal, e o mal não cairá sobre ti." - "Não olhes para a mulher volúvel para que não suceda caíres nos seus laços."
Percorrendo o Velho Testamento, lembrei-me de um velho amigo, católico de comungar diariamente e de se persignar dezenas de vezes ao dia.
Ele tem sempre uma passagem da Bíblia na ponta da língua; e não escolhe ocasião para, discretamente, recitá-la.
Ele estuda os textos sagrados com afinco e devoção. Confessa-se entusiasmado com o que aprende, à margem de cada Capítulo, faz o que ele considera criteriosas e procedentes anotações.
Nos momentos de descontração, costumo dizer que ele está escrevendo o Quinto Evangelho. Francisco, boa praça, encara a brincadeira com um sorriso bíblico.
Mas eu dizia que nas últimas horas estou lendo o Eclesiástico. E eis que, nesse Livro, deparei-me com didáticas e sábias considerações sobre o vinho e sua degustação.
Abro aqui um pequeno espaço para dizer, mais uma vez, que não sou chegado ao vinho. Ainda aceito o vinho do Porto. Estou, porém, proibido de bebê-lo, para não agravar a minha curva glicêmica!
Muito bem. Ensina o Eclesiástico, no Capítulo 31 e seus Versículos: - "O vinho bebido com sobriedade é uma segunda vida para os homens; / se o beberes sobriamente serás sóbrio."
"O vinho, desde o princípio, foi criado para regozijo/ e não para a embriaguez."
"O vinho bebido moderadamente é o júbilo da alma e do coração."
E, ao contrário do que muitos pensam, quando enchem a cara para afogar suas mágoas ou curtir suas dores-de-corno, a Bíblia, no Eclesiástico, adverte: "O vinho bebido com excesso é a amargura da alma."
Depois de meditar sobre as recomendações do Eclesiástico aos enófilos, recordei-me do porre de Noé.
Após o dilúvio, eufórico com a promessa que lhe fizera Javé de jamais castigar os homens afogando-os, o velho Noé caiu na farra.
Cultivador, dizem os pesquisadores, da primeira vinha da história da humanidade, o comandante da Arca encheu a cara. E depois de muitas taças, literalmente embriagado, ficou nu!
Seu porre e sua nudez, testemunhado por Sem, Cam e Jafé, seus filhos, ficaram, de forma indelével, registrados no Livro do Gênesis - 9,20. Os livros sagrados, porém, não dizem se Noé insistiu nos seus pileques exagerados.
Eu, particularmente, creio que sim. E se não abandonou o vinho, essa divina bebida, com certeza, lhe não fez mal. Pois, egundo a lenda, ele teria vivido mais de 600 anos.
Acreditasse que algumas taças da bebida dos deuses me fizessem longevo, não hesitaria em renunciar minha cervejinha por um bom vinho.
Que vida é a daquele
a quem falta o vinho?
Eclesiástico 31,33
Quando chega a Semana Santa, entrego-me à leitura diária da Bíblia. Há quem não acredite nessa história. Sou julgado pela tibieza com que me apresento aos olhos de muita gente. Não ligo.
Ultimamente venho percorrendo as páginas do Antigo Testamento. Apesar de seus capítulos e versículos serem imensos e de difícil compreensão, eles oferecem primorosos e úteis ensinamentos. Já me haviam dito isso e eu resistia em acreditar. Preferia ler, apenas, os Quatro Evangelhos.
Nas últimas horas, detive-me no Eclesiástico, embora, a todo o momento, tentado a retornar ao Cântico dos Cânticos, o Livro sagrado da minha preferência. E às páginas tantas, encontrei conselhos como estes: - "Não faças mal, e o mal não cairá sobre ti." - "Não olhes para a mulher volúvel para que não suceda caíres nos seus laços."
Percorrendo o Velho Testamento, lembrei-me de um velho amigo, católico de comungar diariamente e de se persignar dezenas de vezes ao dia.
Ele tem sempre uma passagem da Bíblia na ponta da língua; e não escolhe ocasião para, discretamente, recitá-la.
Ele estuda os textos sagrados com afinco e devoção. Confessa-se entusiasmado com o que aprende, à margem de cada Capítulo, faz o que ele considera criteriosas e procedentes anotações.
Nos momentos de descontração, costumo dizer que ele está escrevendo o Quinto Evangelho. Francisco, boa praça, encara a brincadeira com um sorriso bíblico.
Mas eu dizia que nas últimas horas estou lendo o Eclesiástico. E eis que, nesse Livro, deparei-me com didáticas e sábias considerações sobre o vinho e sua degustação.
Abro aqui um pequeno espaço para dizer, mais uma vez, que não sou chegado ao vinho. Ainda aceito o vinho do Porto. Estou, porém, proibido de bebê-lo, para não agravar a minha curva glicêmica!
Muito bem. Ensina o Eclesiástico, no Capítulo 31 e seus Versículos: - "O vinho bebido com sobriedade é uma segunda vida para os homens; / se o beberes sobriamente serás sóbrio."
"O vinho, desde o princípio, foi criado para regozijo/ e não para a embriaguez."
"O vinho bebido moderadamente é o júbilo da alma e do coração."
E, ao contrário do que muitos pensam, quando enchem a cara para afogar suas mágoas ou curtir suas dores-de-corno, a Bíblia, no Eclesiástico, adverte: "O vinho bebido com excesso é a amargura da alma."
Depois de meditar sobre as recomendações do Eclesiástico aos enófilos, recordei-me do porre de Noé.
Após o dilúvio, eufórico com a promessa que lhe fizera Javé de jamais castigar os homens afogando-os, o velho Noé caiu na farra.
Cultivador, dizem os pesquisadores, da primeira vinha da história da humanidade, o comandante da Arca encheu a cara. E depois de muitas taças, literalmente embriagado, ficou nu!
Seu porre e sua nudez, testemunhado por Sem, Cam e Jafé, seus filhos, ficaram, de forma indelével, registrados no Livro do Gênesis - 9,20. Os livros sagrados, porém, não dizem se Noé insistiu nos seus pileques exagerados.
Eu, particularmente, creio que sim. E se não abandonou o vinho, essa divina bebida, com certeza, lhe não fez mal. Pois, egundo a lenda, ele teria vivido mais de 600 anos.
Acreditasse que algumas taças da bebida dos deuses me fizessem longevo, não hesitaria em renunciar minha cervejinha por um bom vinho.