Mamãe

MAMAE

Para você eu arrisco exercer o ofício de escrever porque tenho plena convicção de que qualquer coisa que eu colocar nesse papel é capaz de emocioná-la. Não que seja ingênua e não soubesse distinguir uma boa de uma má escrita, mas sim porque sua generosidade e apreço para comigo a faz admirar e aceitar de bom grado tudo que faço.

Sou tão feliz por tê-la que às vezes reporto-me à infância e passo tempo divagando nos acontecimentos e não raro me vejo em situações que mesmo que as tenha vivenciado seria impossível recordá-la devido à minha pequenez na época.

Vejo-a com uma criança nos braços, envolta em vestes brancas a quem você ansiosa oferece o seio túrgido de leite; o néctar dos anjos. Seus lábios entreabertos deixam antever a língua entre os dentes brancos onde a saliva umectante empresta um brilho de cristal ao sorriso santo da mãe que amamenta.

A vejo jovem, de cabelos caídos na testa, penteando cuidadosamente com os dedos os cabelos de seu bebê adormecido.

Essas cenas que vislumbro, que ouso imaginar são dignas de pertencer à mais valiosa obra de arte do mundo ( A adoração do Cordeiro, pintada por Van Neik em um mil e quatrocentos). Lá mamãe, você seria eternizada e incansavelmente admirada por todos os seres humanos a quem Deus deu o dom de reconhecer os virtuosos e os santos.

Sua sabedoria a torna única, porque sabes conviver com o pecado e a malícia sem se deixar envolver por eles, tampouco deixar transparecer qualquer repudio ou reprovação porque sabe mamãe que só ao Pai celestial cabe o direito de julgar e condenar.

Wanderlice de Souza Carvalho: 10/04/06

wanderlicedsouza
Enviado por wanderlicedsouza em 05/04/2009
Código do texto: T1523499
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