SENTI A MESMA SENSAÇÃO

Desliguei o computador e sai do escritório pisando forte , chutando a primeira almofada que encontrei à minha frente - primeiro sinal de que eu não estava nada bem – andei alguns passos até atingir a escada que me leva aos quartos da casa. À medida que comecei a subir , cada degrau que eu alcançava me sentia menor. Segui pelo corredor, ultrapassei a saleta de televisão, para finalmente chegar ao meu quarto. Entrei, fechei a porta, olhei para minha cama encostada na parede, fui até o seu espelho, empurrei e sem me dá conta do ridículo, atrás dela sentei-me para ouvir de mim uma vozinha que dizia: “daqui nunca mais eu saio, deixe que me procurem”. Esta era a minha reação quando criança, sempre que me via contrariada. Agora, adulta, uma vez contrariada, quis ter a mesma reação. E lá estava eu, sentada no chão, encostada na parece fria, na penumbra do quarto, só que desta vez eu não contava os dedos das mãos e dos pés de trás pra frente e de frente pra trás, tinha em mãos um brinquedinho: o celular e comecei a me entreter com o que me oferecia a maquininha. Assim, o tempo foi passando e pouco a pouco fui esquecendo o porquê da minha contrariedade, tal qual quando criança... E de repente me dei conta de tão crescida era, que fisicamente nada mais restava da criança, tinha mudado muito, mas a minha essência permanecia a mesma, eu me revelei a Zélia pequena, cuja raiva não ia além dos cinco minutos. Levantei-me com a certeza de ter sentido a mesma sensação. Lembrando que, enquanto a Zélia pequena procurava o papai ou a mamãe e voltava às suas brincadeiras favoritas , hoje, a Zélia grande volta para o seu “brinquedo,” também favorito, que tem a capacidade de transportá-la mundo a fora e torná-la perto das pessoas, que além dos seus, aprendeu a amar...

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 05/04/2009
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