Palavras em movimento 
                

Desde os primórdios, percebemos que a palavra tem o poder de superar até mesmo os limites da razão, onde a própria ciência, com todo estudo filosófico e antropólogo não consegue alcançar explicações lógicas (em sua totalidade) sobre a existência dos fenômenos.

 Então, não seria o caso de analisarmos para que servem as palavras?

O poder de usar as palavras para propiciar a construção para liberdade e qualidade de vida nas diversas comunidades (indígenas, quilombolas, camponesas, por exemplo) parece utopia, mas seu uso adequado e decente poderá ser resultante de grandes transformações.

Por que será que a palavra pode construir? Será que é porque há algum encanto sobre ela? Se há algum encanto, o que será que move este encanto? Pelos sonhos causados, o olhar penetrado, a beleza que envolve o sorriso, a alegria na alma, a conquista do que parece impossível, a lealdade à leitura e o amor que dura... Por tudo isso e muitas outras coisas... Penso que a palavra pode ser vista como ferramenta de conhecimento, arma poderosa nas ações sociais em sua diversidade e contexto cultural, por exemplo.

Hoje, estive pensando como é importante saber fazer uso da palavra... As palavras têm o poder de edificar, persuadir, promover mudança de mentalidade e comportamento, ou simplesmente levar uma vida ao nocaute, ao desequilíbrio... A perda e/ou ganho.

Quantas vezes algumas pessoas tiveram suas vidas marcadas pela palavra em sua função social do cotidiano; em juramento, enlance matrimonial, despedida, desengano, negação... E tantos outros elementos onde se faz necessário a comunicação via oral ou escrita.

O modo como agimos com as palavras, também (entre outros aspectos) definem nossa personalidade, valores e princípios que acreditamos. Na igreja, por exemplo, a palavra é uma ferramenta perpeficaz na formação de conceitos, procedimentos e opiniões.

As palavras quando trabalhadas de forma dinâmica e contextualizada nas escolas, propiciam a formação de pessoas letradas; capazes de ler e produzir textos, dos mais variados gêneros e temas emergindo competência em seleção de gênero apropriado a seus objetivos e à circunstância em que realizará seu discurso, no entanto isto pressupõe um processo gradativo de um trabalho consciente de alfabetizar e letrar pra vida.
 
Vemos durante as campanhas eleitoreiras, por exemplo, muitos dos representantes políticos fazerem uso das palavras para persuadirem a opinião dos eleitores, com falsas promessas.

Então, para onde será que vão as palavras e qual será o rumo que elas tomam na sociedade e em nossas vidas?


Se não somos capazes de melhorar nosso olhar diante das palavras que ouvimos, escrevemos , lemos, deduzimos e/ou construímos, é porque ainda não aprendemos (como se deve) a desenvolver uma postura ética enquanto membros de uma gama diversificada, de atores aprendizes das palavras.

 É bom que lembremos que, sem o mínimo de prudência, amor ao próximo, as palavras não chegam com sentido, a lugar nenhum.

Penso que só se constrói um mundo melhor, através da educação das palavras para que se possa ver o que não está diante dos olhos, por isso, as palavras transcendem, ultrapassam fronteiras, rompem paradigmas e se tornam eternas; quando bem direcionadas, evita a dominação, a dor e proporcionam o equilíbrio, a mudança de mentalidade, o prazer e inúmeras oportunidades para o crescimento e dignidade humana.

Não tem como fugir das palavras, elas estão em movimento em qualquer lugar... Às vezes elas gritam pelos olhos, falam pelos gestos, se derramam em poemas, prosas, sonetos, poesia (e em tantos outros gêneros literários), nas mais diversas formas de expressão, comunicando segredo, anseio, dor, alegria, sensualidade... Emoções.

No atendimento ao público, a exemplo, é primordial o zelo com as palavras, haja vista que muitas vezes em determinadas instituições as pessoas buscam soluções através do poder que a palavra exerce, e se decepcionam com a forma de tratamento; em hospitais, centros comerciais, escolas, delegacias e tantos outros setores.

Honestamente, às vezes fico a pensar até onde vai parar a grosseria de alguns servidores no uso arrogante e impensado das palavras na hora de atender a população, principalmente, a mais desfavorecida.

Certamente, o trabalho efetivo sobre relações interpessoais seria uma ponte para o despertar de uma nova consciência de relacionamentos humanos, com uso eloqüente da palavra em agrupamentos.

Diante do contexto mencionado, creio que não é difícil entender a importãncia da palavra, basta refletir que foi pela palavra que o universo foi construído (até que se prove e convença realmente o contrário), ou seja, o uso inicial da palavra se deu para construção(de qualidade), para a vida em movimento, e não para negar a cidadania, castrar sonhos, matar esperanças e muito menos, gerar desigualdades.

 

Antonia Zilma
Enviado por Antonia Zilma em 04/04/2009
Reeditado em 14/09/2022
Código do texto: T1522908
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