Castigo ou Oportunidade...

Nada na vida acontece por acaso... Acrescentaria aí: nada vem de graça, tudo o que acontece sempre vem acompanhado de uma boa dose de esforço, dedicação e vontade de vencer. Comigo, pelo menos, sempre foi assim: lutas, muitas lutas. Na maioria das vezes, sozinha. Estar só não significa necessariamente não possuir aliados, mas sim entender que há certas coisas que só mesmo quem sente na pele pode resolver. É o chamado peso da responsabilidade. O que muitos chamam de castigo, eu chamo de oportunidade. É incrível como sempre temos que provar o quanto somos capazes - a diferença está em "provar para quem". Prefiro provar a mim mesma. Nunca fui de subestimar a capacidade dos outros, então já não me surpreendo mais tanto com o fator inesperado. Nem mesmo em tudo o que faço. Um bom exemplo disso foi durante uma festa surpresa, que amigos queridos fizeram certa vez, em razão de meu aniversário. Lembro perfeitamente que uma pessoa muito próxima, de minhas relações, se aproximou e sussurrou ao ouvido: "-Você é blasée." Para quem não sabe, esse adjetivo tem várias conotações. Creio que a pessoa quis se referir a uma certa indiferença que pensou que partia de mim. Nada disso. Estava adorando a situação. Sentir-me rodeada de amigos, vê-los confraternizando felizes, envolvidos por minha causa, dispensando parte de seu tempo para dedicá-lo a mim... Isso não tem preço e nem cabem rótulos nestas situações. Muitas vezes, prefiro me colocar como mera expectadora das situações, inclusive em relação a mim mesma. Uma espécie de viagem ao próprio interior, meu universo pessoal. Dentre as várias acepções que a palavra "blasé" pode ter, a que mais se aproxima da minha realidade é a de ser uma pessoa tranquila em relação à opinião dos outros - observar sem me envolver ou mudar meu modo de ver as coisas. Certa vez, em conversa informal com uma amiga psicóloga, ela me disse, sem querer bancar a analista, mas com aquela permissidade que concedemos só a quem é muito amigo, que conhecia pessoas da mais diversas camadas sociais, dos 7 aos 70, e que em mim ela via claramente alguém que sabia quem era, ciente de minha identidade pessoal, com propósitos definidos na vida. Realmente, quando sabemos quem somos e o que queremos, a opinião alheia deixa de ser um peso. Isso não significa ser auto-suficiente ao ponto de julgar-se absoluto ou dono da verdade. Acima de tudo, significa ser de fato quem é, sem se deixar abater por opiniões depreciativas por parte de pessoas que preferem tomar conta da vida alheia em vez de se preocuparem com seu próprio crescimento. A vida é feita de escolhas, e podemos optar por nos tornarmos melhores e seguir em frente, ou parar no meio do caminho e nos frustrarmos quando as coisas acontecem mais rapidamente para alguns e tardiamente para outros. Eu, particularmente, comemoro as conquistas dos meus amigos como se elas fossem minhas. Adoro ver a prosperidade dos outros. Conseqüentemente, esses fatos nos movem a acompanhar o ritmo dos nossos afins, certos de que também somos capazes, dentro de nossas áreas de atuação. Jamais questiono a capacidade dos outros, uma vez que eles possam não ter as mesmas habilidades que possuo, mas possuem dons específicos, o que nos faz crescer juntos na medida em que amadurecemos. Acho maravilhoso poder ser útil, e muitas vezes abro mão do meu descanso ou de interesses pessoais em razão dos que me são caros e necessitam de algo que eu possa oferecer. Até porque, sempre soube ser grata a quem me estende a mão. Acho desprezível o tipo de atitude de tratar as pessoas como objetos descartáveis. Já vi um pouco de tudo na vida, e é claro que ainda tenho muitas novidades pelo caminho, mas confesso que já não me surpreendo tanto. É meu lado blasé gritando. Castigo ou oportunidade? Tudo depende do modo como se encara a vida. Meu otimismo leva a crer em oportunidades, e à elas me agarro e faço meu destino!

Patrícia Rech
Enviado por Patrícia Rech em 04/04/2009
Código do texto: T1522727
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