MARIA DA FÉ
 
       Maria da Fé é uma cidade de Minas Gerais, próxima a São Lourenço e ao limite do Estado de São Paulo. Não duvido nada, que o povo de lá fale como paulista e não mineiro. Nunca fui lá.
         Mas, durante muitos anos era doida para conhecê-la pelo simples e precioso motivo, que lá cultiva-se oliveiras. Nas calaças da cidade havia arborização de oliveiras. Podia-se colher com a mão uma azeitona!
Só um botânico e amante da natureza pode compreender.]
O clima é frio e devido a este fator as frutas como pêssego e maçã, e outras frutas e vegetações européias se dão bem lá. A cidade fica a uma altitude de mais de mil metros. Parece que no inverno chega a gelar.

         Era casada com Sávio, que tinha um terreno nesta cidadezinha. Aliás, a família dele, pais e irmãos, todos compraram cada um, um terreno num loteamento antigo ocorrido lá, pelo fato de crerem que é um ponto estratégico de energias filosóficas e teosóficas. Eram todos teosofistas e, por causa da sua religião teosófica consideravam a cidade um local especial, que os esoteristas julgam ser um local onde se concentram forças especiais espirituais.  Acabo DE VER NA Internet que é sim considerado um ponto do planeta com poderes especiais. E lá se desenvolvem muitas atividades afins.
         Sávio ia lá todos os anos para os rituais teosóficos, tinham um templo deles. Mas depois que casou comigo, nunca mais quis ir.
         E desde que eu soube que lá tinha as calçadas decoradas com “arborização de oliveiras”, assim, ao alcance da mão, pasmei-me e fiquei louca para conhecer o tal terreno. Como nosso casamento era com “comunhão de bens” eu queria ir lá, cercar, cultivar oliveiras. O que insisti e pedi para irmos lá...rolou anos. Até desistir mesmo, depois de uns anos.
         Mas a vida corre muito diversa ao caminho que desejamos     
No momento, este terreno tão cobiçado e depois esquecido, virou um impasse no inventário pela morte de Sávio há três anos. Eu me divorciei há dez anos e ele não fez a partilha formal de bens; eu, pelo meu lado, achei que “papeis, documentos” era competência do homem. Para dar uma idéia, o meu casamento foi tal desencontro com a vida, que eu esqueci que era engenheira civil-calculista de concreto armado- calculista de pontes ferroviárias da Estada de Ferro Leopoldina. Eu era só uma mãe e tinha que sustentar os meus filhos. Lastimável confessar estas coisas, mas acontece com algumas pessoas cuja estrutura se desmonta, ela continua a andar e as peças ocuparam outras posições.

         Falar de Maria da Fé me remete à tristeza, e isto eu não quero que aconteça, Ao contrário, superei tantas coisas e, agora, estou com este inventário parado por falta da documentação deste terreno.

         E o meu sítio, do qual falei ontem numa crônica, está no mesmo inventário. Não posso alugá-lo ou vendê-lo e nem sequer doá-lo para o IBAMA. Só posso oferecer aos amigos para lá passearem ou descansarem, pois como já falei, meus filhos pouco vão lá. E agora eu também, por que estou mais ligada em ESCREVER, e lá tenho telefone e parabólica, mas internet não chega lá.

         E não dou sorte com advogados. Até hoje eles sempre me decepcionaram. São piores que eu, em matéria de papéis-documentos.
         Pela internet vi que a cidadezinha virou até turística. Além de esotérica. Parece um lugar lindo e interessante.
 
         Mas baixou em minha alma tal sofrimento, Meu corpo ficou cansado e eu perdi a alegria do dia.
         Melhor parar por aqui.
 
lá tem oliveiras, ou seja, colhem-se azeitonas neste lugar, nesta cidade mineira: OLIVEIRAS!