Eterno...



Um dos momentos mais cruciais da vida de Jesus (a meu ver) foi quando ele sentiu uma suprema angústia em sua alma, no Monte das Oliveiras. Em silêncio, dialogou com o Pai e em estado de agonia, pediu-lhe (em outras palavras) que o seu sangue não fosse derramado, todavia fosse feito a vontade do Pai e não a dele.

Ora, Jesus enquanto homem chorou e temeu a dor, sua angústia foi tão profunda e verdadeira que era vista a olho nu, pelos poros através das gotas de sangue que ele transpirou.

No entanto, de forma determinada e inteligente buscou forças em Deus para fortalecer seu espírito e superar a tortura que estava vivendo, pois sabia que iria ser traído, negado, entregue ao ultraje, mas que iria vencer a morte e viver para sempre... (Conforme os quatro livros evangelistas; Mateus, Marcos, Lucas e João).

Jesus, ao se afastar pediu que seus apóstolos que orassem e vigiassem para resistirem às tentações, assim como ele mesmo teve necessidade de agir desta maneira, mas seus companheiros foram vencidos pelo sono e pela tristeza de serem perseguidos por serem seus seguidores.

Diante deste fato, às vezes reflito sobre esta sintonia de luz para evitarmos, ou vencermos nossos medos, e encararmos nossos problemas na busca de possíveis soluções extraindo da dor a coragem de acreditar na nossa força interior... Na voz que fala em nosso coração quando clamamos por Deus.

Creio que só temos autoridade de sermos senhores de nós mesmos quando agimos com maturidade frente as nossas emoções, pois o equilíbrio emocional requer uma dinâmica majorante em nossa espiritualidade... O próprio Cristo buscou este equilíbrio, o discernimento no cerne do seu sofrimento.

Outra coisa que me chama atenção é o fato de Jesus sendo inocente, não ter se justificado e ter assegurado sua convicção de Rei diante das autoridades que foi entregue.

Ele foi incisivo ao dizer:

_O meu reinado não é deste mundo!

Veja bem, se o reinado de Jesus não é deste mundo e ele assumiu a condição de Rei, surgem duas curiosidades pertinentes:

A que reino Jesus se referia reinar? Quem ou o que reina neste mundo que vivemos materialmente?

É bem provável que sendo Jesus um ser que falava muito usando metáforas, naquele momento tenha dado uma tapa na cara dos doutores da Lei, sem ser preciso sujar suas mãos, e sem usar de violência física... Através de sua autoridade na palavra.

Os doutores da Lei por sua vez, persuadiram a opinião pública contra Jesus, tirando proveito da ignorância política dos judeus, que viam neles a palavra como verdade única, absoluta e verdadeira.

O resultado deste golpe todos conhecem, foram fortes gritos:

_Crucifica-o!!!

Imagino como a ignorância nos dias atuais também faz pré- julgamento, crucifica, mata... Destrói.

Penso a ignorância como uma cegueira, e vou além, a ignorância é atrevida... Desumana.

Por outro lado, humanamente podemos perceber que a morte de Jesus, mesmo sendo uma profecia, foi também uma questão política.

A perseguição as crianças de até dois anos, no nascimento de Jesus é uma das provas desta realidade, uma vez que fora anunciado o nascimento do Rei da Judéia e houve logo após o massacre dos inocentes.

A luta pelo poder, a hegemonia, o monopólio político dominador mascarado pela história, que não são acessíveis (de fato) pelas letras porque a visão de mundo na maioria das pessoas ainda é muito restrita.

Muitas vezes só vemos o que queremos e aceitamos ver diante de nós, infelizmente há nos dias atuais muito analfabetismo político (em todos os aspectos). Várias pessoas ainda agem como os escribas e fariseus, persuadindo em prol de seus interesses com hipocrisia e impessoalidade; outros são passiveis e ignorantes reproduzindo falsas idéias sem questionar a realidade, e sem pensar nas conseqüências...Nos estragos que uma cegueira induzida pode causar na vida de alguém ou numa sociedade como um todo.

 O fato é que Jesus foi maior. Na vida, nos ensinou a caminhar com a prática do bem, do amor... Carregou sua cruz sem perder a esperança, acreditou na vida e rompeu os muros da morte, em seu calvário, tropeçou, caiu, levantou... Mesmo com seu corpo ultrajado, sentiu sede de amor entre os irmãos... Deram-lhe uma esponja ensopada com fel e vinagre,e ainda assim; ele perdoou...Transpassaram o seu peito com uma lança onde jorrou as últimas gotas de sangue e água de seu coração, e seu espírito retornou aos braços do Pai, sendo que antes de sua ascensão, ele ainda consolou os discípulos dizendo;

“_ Não fiquem tristes, eu estarei com vocês todos os dias da minha vida, em espírito e verdade”.

Por fim, às vezes fico a imaginar pra que correr tanto, se apegar tanto as coisas materiais, quando na verdade deveríamos alimentar melhor nossa espiritualidade, nos amar mais, perceber Jesus no semelhante de alguma forma, ler mais freqüentemente boas leituras (significativas), praticar a caridade a quem precisa e estar às vezes do nosso lado e não vemos... Abraçar a vida, a eternidade porque este plano é muito passageiro, sendo que paralelo a isso estamos na maioria das vezes, muito apressados, preocupados e em alguns casos, pouco sabemos onde vamos ou queremos chegar, tapando os ouvidos, fechando os olhos, cruzando os braços ou simplesmente cercados e/ou dominados pelos monstros ou anjos que habitam em nós...Nos controlando de maneira medíocre ou harmoniosa, nos fazendo eternos ou nos amordaçando dia após dia.

O espírito de Jesus atravessa séculos, milênios e continua jovem porque ele é divino e eterno e nós (segundo o Evangelho), somos a sua continuidade, por isso creio que embora sejamos seres falhos, errantes...Somos muito amados e agraciados pela misericórdia de Deus, dotados de capacidades de vencer os desafios e as mazelas da vida...Seres eternos e plenos.



 

Antonia Zilma
Enviado por Antonia Zilma em 03/04/2009
Reeditado em 14/09/2022
Código do texto: T1521592
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.