os perigos de uma viagem

Os perigos de uma viagem

Nossa história se inicia no meado dos anos de 82, quando é inaugurado em frente à casa do meu sogro, um conjunto de casas geminadas, e estavam mudando para a segunda residência, uma família que era composta de cinco pessoas, um casal e três filhos que se dividiam em uma linda menina, que era a princesa do lar, com mais dois irmãos, um mais novo e outro mais velho.

Parecendo-me ser de longe serem boas pessoas. A família tinha o sobrenome Teixeira e era do interior de Minas Gerais, compostas pelo Sr José Teixeira, a senhora Maria Elizabeth Teixeira e pelos filhos Clayson Teixeira, Cristine Teixeira e Márcio Teixeira, não sabendo eu, que viveria ali com eles posteriormente, várias situações, alegres e tristes, pois quando me casei fui ser seus vizinhos.

Em setembro, de um mil novecentos e oito e três, me casei neste tempo todo tive muito contato muito bom com todo o pessoal da casa, pois cada um tem seu próprio jeito de ser, e o mais interessante é que são bem diferentes as idéias um dos outros podendo ser, em função da diferença da idade e de ter uma mulher no meio, dos dois rapazes, aspectos que envolveram a criação de cada um.

O mais velho tem uma atenção impar da mãe, a filha do pai e o caçula de todos, mas fazem nascer ali uma família real, que é difícil de se ver hoje em dia, uma família bem estruturada, criada em base sólida, mas unida, tendo problemas diversos também como tantas outras, mas se sempre tiveram o lema de não haver brigas entre eles desde pequenos, e nem confusões externas, dando-se bem com todos que convivem com eles. Todos os filhos cresceram ali no bairro diante nossos olhos, onde pude ver este amadurecimento acompanhado de maturidade, um marca registrada por D. Elizabeth que fizeram destas três pessoas acima de tudo, gente de verdade para o mundo, pois o grande contador de caso é caminhoneiro, que passa a maior parte do seu tempo cortando as estradas deste meu Brasil, para trazer para casa um dinheiro, que dê um pouco mais de conforto a sua família, que é apaixonada por ele, até mesmo quando ele vem com aqueles casos de pescaria, onde ele faz com alguns amigos, durante uma época do ano, o pessoal sabe que é mentira, mas lhe dar a maior atenção, por ser ele uma pessoa muito especial para todos da casa, e para quem convive com ele.

Com esta sua luta incansável na cabina de um caminhão, e com ajuda da D. Beth conseguiram dar forças, tanto moral e financeira para os filhos chegarem onde estão hoje, o mais velho é administrador de empresa, e a menina é formada na área de pedagogia e o mais jovem está fazendo o curso de educação física na federal.

Ele pega no seu 1518 e ruma com destino à Belém, mais uma vez. De vez em quando tinha alguma variação, mas no total foram poucos, os seus locais preferidos sempre foi Belém, pois muitas das vezes no passado a sua volta já estaria paga com madeira que traria de uma cidade lá de perto, para vender aqui numa madeireira que tinha colocado aqui para seu filhos tomarem conta, e começarem saber o peso da responsabilidade, e do dinheiro e do seu valor e para o Clayson ainda seria muito bom, pois estava já na faculdade de administração de empresa seria uma escola para ele aquilo dali.

O baile de debutante da jovem Cristine me lembro bem, foi inesquecível, uma linda festa digna de uma princesa, fui só neste evento que foi no SESC da Avenida Olegário Maciel, e todos comentavam a beleza da festa e saiam felizes do acontecimento de tão belo que tinha sido à noite.

Primeiro veio o casamento da Cristine, a menina de ouro do seu Zé, com o jovem Wander, rapaz trabalhador de boa família também aqui do bairro. Fizeram uma festa para ninguém colocar defeito, parecia um casamento de uma rainha. Tanto na parte religiosa, como na festa que foi um espetáculo único, onde os pais da noiva não mediram esforços para propiciar a noiva uma festa que nenhuma mulher esquece, que é o dia do seu casamento, ainda sendo com quem ela sempre gostou, pois namoraram durante um longo período, para chegarem a esta data e terem praticamente quase tudo organizado, para dentro de uma casa, sempre gostei de sua organização, por já ter trabalhado na mesma empresa que ela, e conheço o seu jeito de ser até como funcionária eficiente e amiga de toda as colegas de trabalho.

Nisso o meu amigo vai se tornando mais velho, mas a sua rotina de vida não muda, de vez enquanto ia com ele na oficina do Mota onde ele guarda o caminhão quando chega de viagem, e ali é um lugar de um bom bate papo de amigos de décadas, que se encontram para lembrar coisas do passado, tomarem aquele chá delicioso feito na hora pela filha do Mota e poder planejar a próxima pescaria para quando será, pois ele mais cinco pessoas, compraram um ônibus velho e aos poucos foram o reformando tal veículo para que pudesse fazer suas pescarias bem acomodados num coletivo totalmente adaptado para isso e para necessidade do que precisariam.

O Chico era o nome do ônibus, não me pareceu tão velho assim, não e o Zé me falou que tinha um bom motor e não perdia para estes ônibus que estavam sendo lançados agora não, ai fiquei na dúvida, sabendo da fama do amigo pela família e por não conhecendo parte técnica de ônibus.

Nisso ouvi o comentário lá na oficina que tinham comprado um pedaço de terra no Mato Grosso, para que quando fossem pescar já tivessem um lugar certo e definido e onde há peixe à vontade, para se pescar, falavam ainda da construção de uma pequena casa no local, para se acomodarem depois de uma longa viagem e servir de porto de suas armações. Sei que o Zé cozinha muito bem, pois uma vez já até comi da sua comida que ele fez.

Passaram mais alguns anos e o jovem Clayson, se forma, como a irmã namorou muito tempo, ele é ótima pessoa, mas quase não fala nada, só comigo que vivo enchendo seu saco e ele morre de ri, e sente à vontade quando faço isso com ele, aqui da rua ele conversa com poucas pessoas, mas é o seu jeito de ser e sempre foi assim.

A sua noiva que é uma doçura de pessoa sempre me dá a maior atenção, ela muito educada também vindo do interior morar em Belo Horizonte, ficou aqui para estudar até forma-se em psicologia, mas creio eu que não trabalha na área, mas é uma guria boa de papo de se ter.

O meu amigão vai a loucura, quando fica sabendo que está preste a se tornar avô, pois a sua menina linda, já está esperando uma criança, e isso lhe deixa numa alegria imensa.

O casamento de Clayson, como o da irmã foi lindo na mesma igreja que casei, sentia tanta emoção de estar ali de novo, pois depois de ter casado ali, jamais havia voltado a entrar naquela catedral e já tem mais de vinte anos que me casei. Sou uma pessoa muito sentimental e me apego demais as coisas que mexem com o meu coração. A recepção em si não deu para ir. Neste dia fiquei contrariado com isso, mas fazer o que, quando não dá é aceitar a situação e tocar o barco para frente.

Passaram uns três dias e o Zé preparava-se para mais uma viagem a Belém e me comentava que ia entregar uns jornais de igreja, eu não me lembro de qual, onde o pessoal era muito chato e ficava sempre reclamando com ele por bobagens coisas, que ele não era o responsável por aquilo e o deixava indignado e era mixaria em termos de valor o que recebia deste lugar.

Parte meu amigo para mais uma cruzada a destino de Belém. Havia dormido num posto de gasolina a beira da estrada, coisa que já estava acostumado a fazer, ao longo de vários anos, as paradas são sempre nos mesmos lugares, tanto que era conhecido como o mineiro, ele me conta que nos postos onde ele passa, ele abastece o seu caminhão, e se for o caso de necessidade pega dinheiro emprestado para ele sem problema algum, pois ele é muito conhecido no pedaço, e sabendo de se tratar de uma pessoa séria.

Quando ainda meio dormindo, escuta baterem na porta do seu caminhão, ao abrir a porta para ver o que poderia estar acontecendo com algum amigo da estrada, pois ali somos uma grande família, foi surpreendido por dois ladrões que o empurraram, para dentro do bruto, e mandando deixar o posto sem levantar maiores suspeitas do que acontecia ali naquela hora.Uns quatrocentos metros à frente o colocam num uno e partem com meu amigo estimado. Levaram meu amigo para uma estrada secundária, que deveria ter da rodovia a uns 5kms de distância, o deixando lá com um capanga de guarda armado até os dentes. Mas que poderia fazer um senhor de 64 anos numa situação dessa, a não ser rezar para que não acontecesse o pior com ele. Isto ocorreu às seis horas e quinze minutos e até as 14 horas e trintas minutos daquele dia, quando os bandidos regressaram no uno, trazendo alguns pertences que estavam no caminhão e um pouco de comida, pois estava morrendo de fome.

Comentaram para fazer a queixa policial na delegacia de Mãe Do Rio não em Trituia onde ocorreu o fato no Nosso Posto km 14. Os marginais deram um alerta que a queixa deveria ser feita em Mãe Do Rio.

Falavam que não queriam lhe fazer mal, só queriam o seu caminhão. Do lugar de onde estavam até Belém faltavam uns 100kms.

Foram para Belém descarregar o caminhão e fizeram as entregas que estavam ainda para serem feitas na capital paraense, pois os bandidos precisavam do caminhão vazio para transportar sei lá o que, disseram que eram máquinas.

Seu caminhão seria entregue em Marabá, numa cidade que ficava dali a uma distância de uns 450kms. O caminhão dele era diferenciado por ter escrito na porta o nome da empresa que foi seu proprietário antes e era de uma cor diferente, isto ajudaria na sua localização. Isto poderia ser verdade ou não, mas ainda o importante é que ainda estava com vida.

Depois de ter passado oito horas no mato, conseguiu com um motoqueiro, contando sua história para o rapaz, uma carona até um lugar onde seria mais fácil para ele arranjar mais ajuda o que conseguiu com outro caminhoneiro, que passava na hora. Este o levou até Mãe Do Rio, como foi imposto pelos marginais.Achou mais prudente fazer desta forma no momento. E fez a ocorrência policial.

Na polícia onde teria deixado toda sua expectativa de uma vida de trabalho duro e que poderia mudar, por ser ele uma pessoa boníssima e acreditando em todos, sendo ele uma pessoa de bom coração e já com idade avançada, não percebera o golpe que estavam fazendo com ele. Achou que o pessoal fosse colocar na lista de caminhões roubados o seu bruto, companheiro de longas batalhas, mas isto não ocorreu com a queixa do furto do veículo. E perguntaria então, a quem devemos pedir ajuda numa situação desta?

Passaram-se quase trinta dias e o furto do seu veículo não constava nas páginas da policia, de caminhões roubados. Daí com esta informação, passada para o seu filho Márcio, este foi até Belém e fez a queixa quase um mês depois do acontecido.

Conversando com um policial amigo meu, aqui de Belo Horizonte, ele me deu uma dica para passar para ele, para procurar o promotor da sua cidade e ir ao Ministério Público expor o ocorrido nos dois lugares para que houvesse uma solução mais a contento, pois até então nada tinha sido feito por ele e pelo seu caminhão, que era seu ganha pão. Dirigiu-se então para rodoviária para embarcar para Rondon lugarejo perto de Marabá, onde seu amigo de estrada já achava pouco provável do caminhão ainda estar por lá. Falaram neste lugar por ser longe de onde estavam, até a ida lá, o caminhão poderia ser levado para outro lugar, para ser modificado e trabalhar na lavoura lá mesmo, dando uma nova cor na cabina do caminhão e trocando a carroceria, onde circularia facilmente por toda a região sem maiores problemas possível.

Márcio seu filho, informava daqui através de inúmeros contatos com o Pará, para ver se tinha alguma idéia do caminhão, mas ninguém sabia informar nada do paradeiro da fera. Chego até a pensar que tem até policiais envolvidos nisto e nesta história louca.

O Zé indaga: onde poderia estar seu amigo de estrada agora?

Chegando em Rondon procurou a sua legião de amigos de lá expondo o problema e a cidade toda parou, até dinheiro foi oferecido para quem desse informações sobre onde poderia estar o caminhão deste meu grande amigo.

Aqui em Belo Horizonte, familiares e amigos se unem na mesma corrente de fé e pedindo a Deus que iluminasse mais uma vez, o caminho deste meu amigo, fazendo com que possa recuperar seu veículo.

Ele comentou com D. Beth que deve ficar lá até semana que vem, pois está com muita fé, e tomara que consiga o que deseja por ser ele uma pessoa muito especial para todos nós, que dividimos o mesmo espaço com ele, por ter um coração de ouro e como o seu aniversário é agora seria um bom presente.

Todos nós aqui acreditamos em Deus e neste país, poderoso, quando é guiado por homens sérios e honestos, que acreditam na bandeira do trabalho, que é a nossa maior arma para um futuro melhor para combatermos a desigualdade social que hoje em dia é gritante em nossa terra aonde os mais fracos cada vez mais se tornam mais fracos.

Só compete ao Senhor nos dar forças para poder suportarmos tal carga.

Escritordsonhos
Enviado por Escritordsonhos em 03/04/2009
Código do texto: T1521384