...É SÓ UMA CANÇÃO TOLA NO FINAL DA TARDE....

Até quando teremos de ser aquilo que os outros desejam? Ela tenta puxar o gatilho para evitar outra idéia maluca sua, mas não consegue e a arma fica em silêncio entre seus dedos. Por vezes a loucura insana parece tão real que o brilho do dia parece perder o sentido. O amor evitou que aquela garota saltasse da janela do edifício outra vez. Outra vez o amor a deixou confusa. Seus pais culpam as canções pop que ela escutou durante a tarde inteira, como causadores de toda aquela dor expressa em seu rosto ao voltar para casa durante a madrugada. Os pais geralmente não conseguem enxergar além do que os olhos mostram. Ela aprisiona a tristeza dentro da alma por não saber o que fazer com as lágrimas, e eu desperdiço todos os minutos do meu dia jogando as minhas perdas em palavras que nunca serão pronunciadas pela minha boca. A cor dos meus olhos fez a garota sorrir. O sorriso outra vez se apagou com o vermelho dos olhos dela. Ela sabe que não vai encontrar a cura para todo o mal que ela pensa produzir dentro da sua vida ausente. Eu não posso ensinar ela a andar sobre os cacos de vidro que ela mesmo jogou em seu caminho por ter os meus pés distantes de qualquer tipo de corte. Ela se fecha outra vez em seu isolamento lamentando não poder acompanhar o que acontece lá fora sem ser notada por todos aqueles que dizem amá-la. Eu a odeio por ela insistir em matar tudo que existe ao seu redor. Até quando será preciso manter distância? Outra vez meus dedos queimam entre seus cabelos, e outra vez são minhas mãos que a trazem para a realidade seca das ruas que a recebem com seus carros que não a deixam escutar os próprios pensamentos. Hoje ela não vai precisar se machucar para encontrar o caminho de volta pra casa.