UM ADEUS ANTES DO ESPERADO

Ah, se não fosse a imaginação o que seria dos que escrevem ficção...? Como é envolvente a magia da nossa própria transformação em herói em bandido em mocinha... Imaginamos tais personagens e criamos situações, cenários, enredos intrigantes, nos situamos e passamos a viver como se de fato personagens fossemos. Eu posso imaginar um ser, tomar sua forma, suas dores, eu posso falar de uma ilusão que se foi e eu não sei por que se foi; eu posso falar de amor, eu posso culpar o meu anjo da guarda por ter aberto a porta do meu coração para esse amor entrar; eu posso falar do quanto brigávamos e quanto representávamos para um teatro sem platéia; eu posso falar da experiência de ter chorado por alguém; eu posso falar de amor não correspondido; eu posso falar da dúvida de uma certa repulsa por mim e, finalmente, eu posso falar de um adeus antes do esperado, um adeus de quem não escolhi pra receber... Para em seguida desnudar-me da personagem e deletar sua história. Fácil, não é?

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 02/04/2009
Reeditado em 02/04/2009
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