Quadros para uma exposição
QUADROS PARA UMA EXPOSIÇÃO
(crônica publicada no jornal "Diário Catarinense" de 01.04.2009)
Informa a imprensa que o patrimônio cultural da cidade foi substancialmente enriquecido na quarta-feira passada, 25 de março, dois dias após a comemoração da emancipação política de Florianópolis. Disse assim a capa do caderno "Variedades" cá do "Diário Catarinense":
"Às 17 horas de hoje, o Museu Victor Meirelles apresentará ao público cinco obras de arte que foram doadas na semana em que a Capital completa 283 anos. As obras foram doadas pela professora e pesquisadora Sara Regina Poyares dos Reis."
Os trabalhos, com suporte em papel, cartão e madeira, são de autoria de ex-alunos do pintor Victor Meirelles de Lima (1832-1903). Sintetiza o caderno "Plural" do jornal "Notícias do Dia":
"Antônio Parreiras, Belmiro de Almeida, Décio Villares, Eliseu Visconti e Oscar Pereira da Silva freqüentaram a Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), depois chamada de Escola Nacional de Belas Artes (Enba), onde tiveram aulas com o artista nascido em Florianópolis."
Pena que a ilustre Professora doadora não possa dispor de algum Galdino Guttmann Bicho para agregar ao importante presente que faz. Seria interessante - e instrutivo - ver um "neto artístico" de Victor Meirelles na coleção: como se sabe, Guttmann Bicho foi aluno de Belmiro Barbosa de Almeida na mesma ENBA, além de ter vivido o ano de 1919 em Florianópolis, onde fez enorme sucesso e pintou muito, muitíssimo retrato e incontáveis paisagens.
Não se trata de despropósito ou leviandade sonhar com tal possibilidade, pois a incansável Professora, integrante do nosso Conselho Estadual de Cultura, é amicíssima do engenheiro mecânico Galdino Guttmann Bicho, homem de muita sorte e prestígio que se diz neto do pintor homônimo e que, até o dia 9 de agosto de 2007, era Gerente-Geral da Gerência Geral de Laboratórios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (data em que, a crer-se no Diário Oficial da União, foi exonerado daquele Cargo Comissionado pelo Diretor-Presidente da ANVISA). Ambos são amigos de compartilhar advogada em processos distintos, porém idênticos, visando proibir a circulação de livro sobre o pintor ilhéu Eduardo Dias.
O que não se entende é o motivo de o Museu Victor Meirelles não apresentar as obras doadas ao público em geral e, nem mesmo, às pessoas que lá estiveram para prestigiar a solenidade de doação.
Afinal de contas, 1o. de abril é hoje, não há uma semana.
(Amilcar Neves é escritor e autor, entre outros, do livro "O Tempo de Eduardo Dias - Tragédia em 4 tempos", este em coautoria com o escritor Francisco José Pereira, teatro, Editora Garapuvu, Florianópolis)