CARTA MENTIROSA (?)
Uma crônica no dia da mentira.
Claudia acorda injuriada no meio da madrugada, rola de um lado, de outro, naquela cama espaçosa e vazia; adormece novamente.
Levanta as 5:45 e resolve ir para igreja orar.
Lá ela começa recitar palavras para uma suposta carta. (Ela nunca escrevera uma carta na vida.)
Sem saber para quem mandar, ela inventa um nome e começa a falar para si mesma em silencio.
Á Erva doce,
Oh! Como eu poderia usar milhares de desculpas para não me render a ti como tens me pedido há meses.
Eu poderia fingir que sinto raiva de você só para achar mais fácil esquecer-te.
Eu poderia mentir para ti, dizendo que nunca tive um beijo apaixonado, mas eu sei que isso tudo seria uma farsa minha.
Foi por você que resolvi ficar no mundo azul.
“Duas razões para não ficar aqui e uma razão para não voltar” disse uma vez, mas não resisti e me entreguei a você, confessando que fugiria contigo porque estou apaixonada, completamente apaixonada por ti, pelo teu sorriso tímido, pelo gelo da tua pele, pela sua melancolia poética, pelo seu Q artístico e quero você.
Tu tens sido a pessoa que tem ocupado meus pensamentos.
Tu tens sido a razão para eu voltar a compor e não cair no esquecimento.
Você faz com que eu escreva como se tivesse no século XIX e amo todos os teus “porquês”.
Ninguém me instiga da maneira que você o faz.
E quero que entenda pela ultima vez que sou o seu reflexo e que quando te ignoro, é porque me senti ignorada.
Se eu não te falo coisas bonitas e me calo, foi porque naquele momento eu precisava de alguma palavra tua.
Seria muito mais fácil se você atendesse a meus chamados, se falasse a verdade ou me convidasse para sair.
Já te disse que somos iguais e que me vejo em ti.
Oh! Como você é absolutamente semelhante e mais uma vez acabo de acreditar que raios caem no mesmo lugar mais de uma vez.
Seria você um cometa?
Revela-se a mim.
Diga o que temo ouvir.
Renda-se como eu me rendi e digas o que sentes por mim...
P-S. Feliz primeiro de abril
Queres enganar quem Claudinha?