Sósia
É impressionante como há pessoas com aparências semelhantes, que chegam a ser confundidas, quando na maioria das vezes, nem se conhecem. Por mais de uma vez fui confundida com uma mulher, que até alguns meses atrás não a conhecia. Um colega de trabalho que a conhecia, sempre que a via, comentava comigo:
- Nossa, como você parece com a Cláudia; sua altura, corpo, cor da pele, cabelos, olhos! Parecem gêmeas.
E ele acrescentava:
- Qualquer dia vou trazê-la aqui para vocês se conhecerem. É incrível a semelhança!
E eu, cada vez mais, ficava curiosa para conhecê-la, pois a única irmã que tenho nunca alguém mencionou que parecesse comigo. E esta pessoa seria tão parecida assim, ou seria exagero?
E, cada vez que alguém que a conhecia me via, repetia o mesmo discurso. E eu brincava:
- Ah! espero que ela seja uma pessoa legal e não cometa muitas loucuras por ai... para não denegrir nossa imagem.
Num certo dia, tive que conduzir uma tia ao hospital e quando lá cheguei, fui à procura de um médico para atendê-la. De repente, uma enfermeira me olhou e perguntou:
- Ei menina, o que você já está fazendo aqui?
Virei-me inocentemente e respondi: trouxe uma tia doente que está precisando de atendimento hospitalar. Ela nada mais falou, disfarçou o olhar e se retirou. Não entendi nada e como não encontrei o médico, voltei para onde minha tia se encontrava.
Com pouco tempo, aproximou-se de mim um rapaz enfermeiro e perguntou:
- Você é irmã da Cláudia?
Falei que não, tinha apenas uma irmã e seu nome era Sandra. E que outras pessoas já haviam me perguntado, mas eu nem a conhecia. O enfermeiro meio encabulado por sua curiosidade exposta justificou sua pergunta, dizendo-me que a Cláudia era sua colega, trabalhava como enfermeira naquele hospital e que parecia demais comigo. Só então, entendi a abordagem feita anteriormente, pela enfermeira. Confundiu-me com a Cláudia, sua colega.
Decorrido algum tempo, um dia a Cláudia veio à empresa para qual trabalho, pois se tornara nossa cliente. E quando menos esperei foi conduzida à minha sala, acompanhada por meu colega, a fim de me conhecer e verificar pessoalmente, se éramos assim tão parecidas. Da forma que comentavam comigo, acontecia o mesmo com ela. Fomos apresentadas e realmente constatei que não era exagero. Parecíamo-nos muito! Conversamos um pouco e ela se foi. Até mencionei a abordagem do hospital.
Na sexta-feira passada, quando eu e minha filha estávamos na academia, de repente veio uma senhora em minha direção sorrindo. Retribui-lhe o sorriso, pois ela parecia muito simpática. Chegando bem próxima de mim, sorriu mais uma vez e pude ver um ar de desapontamento e surpresa em seu rosto. E falou-me:
- Desculpe-me mais eu a confundi com minha filha. Só percebi que não era ela quando te olhei bem próximo... quando ia perguntar-lhe: o que está fazendo aqui minha coroa? É assim que carinhosamente a trato por ser minha filha primogênita... disse-me a senhora em tom descontraído.
Então perguntei-lhe – embora convicta de quem se tratava, mas queria só a confirmação – qual o nome de sua filha? E ela respondeu:
- É Cláudia. E foi pedindo desculpas mais uma vez, pela confusão e reafirmando: “vocês são muito parecidas; a altura, a cor, o cabelo, até os óculos... Impressionante!
Então eu lhe contei que ela não era a primeira pessoa a confundir-se e que não era preciso se desculpar, inclusive, eu já conhecia sua filha, em decorrência dessa semelhança. E achava até divertido ter uma sósia. Que legal!
Diante de toda essa conversa, minha filha olhou pra mim e inocentemente perguntou-me:
- Mainha será que vocês são gêmeas e foram separadas na maternidade?
Aí foi demais para mim, não me contive, comecei a rir e quase não mais parei. E lhe respondi: oh! minha filha, impossível! Não nasci em maternidade; minha mãe concedeu-me à luz em sua casa, acompanhada por uma parteira, como poderia ter ocorrido tal fato? Ela convenceu-se que não e tudo não passava de uma mera coincidência – apenas as formas físicas se assemelharam. Só!