Cabritinhos egocêntricos
Era uma vez três cabritinhos: o caçula, o do meio e o mais velho que era grande e forte. Um dia, passeando pela floresta, o caçula encontrou um lobo que estava com fome e pronto para atacá-lo. Só não virou jantar, porque falou para o lobo que tinha um irmão maior e mais suculento. Assim o lobo esperou o irmão do meio, que quando o encontrou, usou o mesmo argumento do caçula e conseguiu se salvar. Até que o mais velho apareceu - realmente era maior e mais suculento, mas também era forte e do tamanho do lobo. Com medo o lobo fugiu e acabou sem jantar.
Essa fábula nos remete a antiga, porém útil moral: ''Quem tudo quer, acaba sem nada.'' Mas o que sempre me fez pensar não foi a moral da história e sim a atitude dos cabritinhos. Como podem ser tão egoístas a ponto de entregar um irmão ao lobo faminto?
Numa sociedade individualista como a atual, cabritinhos não faltam. O instinto de sobrevivência, quando passado do limite, se transforma em egoísmo. E esse amor próprio excessivo não é interessante quando se vive em um grupo.
Corrupções, traições, tentativas de se dar bem, sem se preocupar com os outros. Problemas nunca são resolvidos por causa da falta de altruísmo. Todos tentam se livrar dessas soluções difíceis, passando adiante, mas nem sempre o próximo irmão a cruzar com o lobo é o mais forte.
Egocentrismo não move o mundo. Sociedade, que vem do latim, significa associação amistosa com os outros, e egoísmo não parece ter espaço nessa associação. Mas enquanto os egocêntricos não entram em extinção, o instinto de sobrevivência nos manda torcer para que quando encontrar-mos um lobo faminto, tenhamos um cabritinho forte e suculento para oferecer.