A BOLA E AS REDES
Acredito que os Ingleses ao inventarem o Futebol jamais imaginavam a dimensão que esse esporte tomaria nas atividades humanas em nossa terra de Deus. Hoje, quando avistamos uma bola e um gol, logo, imaginamos um cenário cheio de emoções, pois tais silhuetas no mundo do futebol se tornaram os principais ingredientes. A bola: significa um globo que emita a terra com os gomos que delimitam os Continentes. A rede: com suas malhas finas significam as etnias e as separações das Nações, onde cada quadrinho próprio significa o território onde cada um dos seres adeptos do futebol estão representados geograficamente. Assim, quando a “bola-terra” é acionada rumo a “rede-das-nações”, todos ficam torcendo para que ela tome o rumo certo e atinja tantos corações num só momento, deixando-os balançados pelo seu atrito que faz aquele obstáculo tremer de tanta força e de tanta energia. Logo, os corações – no mesmo instante – também batem aceleradamente fazendo daquelas redes que balançam uma sensação única que penetra nos vasos sanguíneos de cada pessoa (torcedora), trazendo-lhe aquele frio na espinha, transformando-se numa energia evolutiva que se transforma em emoção e felicidade.
Embora a realidade do espetáculo deva ser creditada aos seres humanos que proporcionam as emoções, através dos jogadores dentro de campo, não há dúvida de que esses dois elementos de execução do futebol (a bola e a rede), tornaram-se um caminho que simboliza um percurso colossal dentro dos estádios, pois aos olhos dos torcedores são elementos quase imperceptíveis, mas ao mesmo tempo são substâncias do espetáculo. O curioso é que ninguém vai a um campo de futebol para ver a bola ou as redes, mas é através da visão de tais figuras que as emoções aparecem. Experimentem encher um estádio de futebol e pedir que todos os torcedores fechem os olhos, ou alguém apague as luzes. Quando esses torcedores abrirem os olhos ou quando forem acionadas as torres de iluminação de repente o torcedor encontra um estádio nu: Sem bola e sem redes. Aí, nesse momento, o torcedor dirá que está faltando algo naquele espetáculo, pois podem estar presentes os jogadores, mas, com certeza, o jogo não terá início.
A bola jamais perderá a sua exuberância em torno de sua constituição material, como elemento periférico e redondo, capaz de girar sobre o próprio eixo, como também gira nosso hemisfério terrestre. Essa semelhança é natural e não pode se desfazer. A única coisa que mudou com o tempo nessa bola foi o seu aspecto visual e o produto de sua constituição para que fique mais durável e mais eficaz no seu objetivo de rumar de encontro às redes. Antigamente a bola era mais leve e variava mais no atrito com o ar. Era feita somente à base de couro de animal e costurada à mão. Hoje, até para que a indústria se adapte às exigência da defesa do meio ambiente, a bola passou a ser feita de produtos sintéticos e bem resistentes à umidade. Mas, continua do mesmo tamanho, à exceção daquelas produzidas para a massa infantil. Assim também é a terra, não mudou em nada como esfera, mas antigamente era mais leve e mais pura, hoje teve de mudar em conceito e em preservação do meio ambiente.
Conquanto a rede, passou a ter um visual e uma constituição material forte e está sempre bem esticada, através de guarda-meta bem reforçada, formando um cerco Divino em torno das traves, para que ninguém tenha alguma dúvida de que a bola não a encontrou no momento do gol. É ela (a rede) que demonstra a materialização do gol, através de um sinal muito importante para as massas dos estádios e dos milhões de telespectadores, pois quando ela balança é hora do grito sair da garganta nos quatro cantos do mundo. Assim também são as nações e as raças, que tiveram de rever conceitos e esticar ainda mais a moral e os costumes para que não perecessem ante as forças ocultas que teimam em queimar a ordem mundial.
Assim, embora bola e as redes sejam inimigas, elas co-existem e são o coração do espetáculo, pois são através desses dois instrumentos do futebol que o torcedor transcende suas emoções. Quem de nós não quer ter uma bola nas mãos, quando ela já foi produto de um espetáculo histórico? Tem gente que guarda as bolas que foram utilizadas em finais de campeonatos mundiais. Depois de passados décadas e mais décadas essa bola é exibida como a essência daquele alento humano e certamente terá um valor simbólico que transcende o seu valor comercial. Assim também são o laços históricos da humanidade, que permanecem vivos em nossa memória, mostrando o quanto o homem mudou e evoluiu nas últimas décadas.
Mas a grande importância da bola e da rede - além de serem frutos de uma emoção dentro de campo - mostram a nós o sentido figurado da vida. Conquanto a “gorduchinha” do Osmar Santos é a ofensiva, é o ataque e até pode simboliza as adversidades da vida. Já a rede é nossa legítima defesa, nosso porto seguro, nossa morada, pois sabemos que ela ali se encontra para não deixar que fure nossas aspirações, não deixando desgastar nossa intenção de frear os desejos que nos agridem e nos tornam alvos de discórdias. Assim, a bola significa aqueles elementos que são atirados contra nós nas relações inter-pessoais (seja para o mal ou para o bem) e a rede tem duplo sentido, por ser a nossa retaguarda, o nosso Exército e também pode ser a telha de aranha que fica estendida para prender os alimentos ou para evitar que tenhamos alguma insegurança na hora que estamos desatentos, pois elas (as redes) impedem que os objetivos de vida se desviem e se percam no acaso.
Assim, não é errado dizermos que a bola e a rede também simbolizam para nós uma existência, pois são elementos metafóricos e figurados que estão presentes no nosso cotidiano, simbolizando os enredos que formam nosso porvir.
Enfim, toda vez que você ver uma bola e uma rede, não fique apenas imaginando o que esses dois elementos servem para o futebol; enxergue neles (também) nossa convivência diária, cheia de emoções e de atritos, conquanto de um lado vem as adversidades e as maldades que campeiam a nossa vida, mas, em contrapartida, temos a nossa defesa e nossa capacidade de prender e jogar fora qualquer mau agouro para que ele não prossiga sua caminhada e atinja outras pessoas de nosso convívio. Além disso, devemos estar sempre dispostos a prender as coisas boas que chegam ao nosso encontro, não deixando que exemplos sadios e prazerosos escorram para o território inimigo e escape de nosso sondagem. Assim, vamos encarcerar conosco essas emoções em região privilegiada debaixo das nossas redes e bem no fundo de nossos corações.
Vamos fazer de nossas vidas uma estrada de emoções, onde a bola e a rede possam estar presentes em nossos dias. Mas com a atenção redobrada para que tais elementos não sejam apenas figuras imperceptíveis como são no futebol. Devemos percebê-las e revigorá-las com exemplos de vida, não deixando que fiquem nus, como ficaria um estádio sem a bola e a rede. Vamos chutar a bola rumo à esperança de um futuro brilhante. Vamos marcar um gol e deixá-lo vivo em nossa lembrança, através das nossas redes da solidariedade, da irmandade e do otimismo.