OS MILAGRES DAS BORBOLETAS AZUIS...

O que acreditamos ser milagres, infelizmente está escrito nos dicionários: “do latin, miraculu - feito extraordinário; maravilha; tudo aquilo que vai de encontro com as leis da natureza”. Há muito questiono - pode algo ou algum feito ir contra a natureza? Conhecemos a natureza mãe de todas as causas? Pressinto que não… não… nada pode ser contra a natureza só porque nossos conhecimentos são demasiadamente pequenos acerca da natureza universal. Podemos não saber explicar o que irrompe as fronteiras do conhecimento humano, mas a fonte de todo o efeito, dito miraculoso, é sim explicável quando percebemos que parte do mistério deflagrado à frente da incredulidade é farto material de estudo para o aperfeiçoamento do espírito.

Milagres de verdade presenciamos quando resolvemos aceitar o desafio de vencer as vontades perenes do “faz de conta” que tomam nossos sentimentos com os argumentos de uma lógica farisaica - fazemos tudo que nos cabe a lógica da caridade, irmandade; até mesmo freqüentamos copiosamente a manifesta vontade de fazer parte de uma comunidade de irmãos espirituais… mas… esquecemos o essencial - nossa missão talvez tivesse sido outra, aquele milagre que ocultamos em nós como se fosse um lixo - o milagre de aceitar o caminho que nos conduz individualmente ao coliseu repleto de feras. A fera que pode ser um pai ou um filho, que na convocação do milagre, deixa-se perceber no encontro de seus abraços o fálico suspiro do inimigo, que unidos matam - a indiferença… o ódio, a destemperança seguidores de um velho “faz de conta”… aquele “estou fazendo minha parte”. Está? Acredite, milagre é isto, conspirar na própria carne, não fugir da aceitação de que no grande coliseu da vida interior muitos sentimentos negativos aplaudem cada derrota sanguinária que impomos à alma. Quando toda nossa missão é ir para o sul, não adianta irmos para o norte. Por mais que tenhamos ajudado a salvar vidas a nossa não será poupada se de fato o objetivo (vencer o próprio veneno) do nosso espírito não for alcançado.

A meta (morfose) das borboletas é traço típico do verdadeiro milagre. Focam na transmutação de sua roupagem corpórea a elevação de seu dom - voar, inspirando-se em cada rumo do vento uma nova dança existencial. Na fase da lagarta algumas futuras borboletas chegam a sugar o veneno de algumas plantas, desta forma ao romperem a crisálida praticamente voam para todos os lados sem serem incomodadas. Seja pela cor ou pela forma os pássaros conhecem de longe: “aquela é uma vitoriosa, transformou veneno em asas - é tão cheia de liberdade que seria um pecado imperdoável privá-la de uma vida completa”. Estas borboletas poderiam deixar o veneno das aparentes e inofensivas plantas e seu “faz de conta” ceifar-lhes a missão de chegar à próxima etapa, porém diz a si mesma: É fácil fechar os olhos para a escuridão, continuarei atenta, um dia o vento que me lança ao chão ainda me ensinará o milagre que faz os pássaros voarem”. “Asas” - descobre a borboleta ao primeiro vôo. “Asas, este era o milagre, agora mistério desvendado, veneno transformado em asas pelo amor de aceitar o desafio de seguir sempre em frente - mesmo que ao primeiro momento a lógica farisaica dissesse ser contra a natureza: “lagarta você não pode transformar veneno em asas”. Eis-me aqui voando, amando as flores do jardim, nesse paraíso interior - onde mais próximo posso estar de Deus”.

Em 1915 na Normandia, uma borboleta azul desconhecida deixou escrita sobre um cartão sagrado de São Francisco uma oração que costumamos atribuir-lhe. Extasiada em seu vôo miraculoso rascunhou: “Ò mestre, fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado; compreender que ser compreendido; amar, que ser amado.” Muitos ainda se perguntam por que haveria de ser azul a borboleta desconhecida daquela mensagem. Creio que de tanto voar para o alto de suas aspirações cristãs, assim como transformou veneno em asas, ela teria transformado o desejo de voar toda imensidão do céu, cheio de milagres por realizar, na sua própria cor. Não se sabe quais foram suas palavras no último vôo, mas podemos imaginá-las: “Ó Mestre, espero que cada dia minhas asas tenham me levado para mais perto de Ti, pois foi tua luz que desde a meta (morfose) guiou a minha esperança de um dia eu encontrar a Ti - fonte de todos os milagres, a quem humildemente ouso chamar “meu Pai”, “meu Filho”, “meu irmão”, “meu Próximo”, “meu Criador”.


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