AMIGO DE PENAS
Poderia ter sido uma manhã como todas as outras não fosse uma visita inesperada.
Primeiro cantou no alto das árvores para chamar atenção, como costumava fazer quando o meu amor vivia.
Pé ante pé para não assustá-lo aproximei-me da janela, o nosso visitante de penas negras e papo amarelo pousara no jambeiro que fora plantado há muito tempo defronte a casa.
Balançou o bico de um lado a outro, gorjeou baixinho antes de voar para a grade e nela se acomodar, onde cantou novamente.
Senti os olhos se encherem de lágrimas, o pássaro do qual nem o nome sei, esperava pelo assobio que não veio.
Na cadeira de seu amigo não havia ninguém.
Contive a emoção ao vê-lo entrar no terraço e pousar no encosto de uma das cadeiras. Foi só um instante; abriu asas e sumiu entre as folhas do quintal.
Os pássaros podem ser amigos fiéis.
MCC Pazzola