Sem mais delongas
Criação Literária
28/04/06
Sem mais delongas
Numa reunião de condomínio, o síndico expõe os assuntos pendentes com tanta delonga, que deixa os condôminos cansados. E aí entra a discussão do sindico com os outros moradores insatisfeitos, deixando-os todos com mais dúvidas do que já tinham antes da reunião.
E ele continua dizendo que o condomínio não pode isso, não pode aquilo, que não tem dinheiro para fazer isso e aquilo outro, que o morador do ap. 402 está fazendo muito barulho, etc, até que o morador do ap. 202 diz que não agüenta mais tanta discussão sem sentido, o que o síndico arremata: “Está bem, sem mais delonga...”. E começa tudo de novo.
E muitas vezes os co-proprietários saem do recinto sem terem realizado nenhum acordo entre si.
Nova assembléia, dessa vez com hora marcada para o início e término das discussões, com a pauta dos trabalhos já escrita, o síndico recomeça: “O condomínio não pode mais aceitar isso, nem aquilo, não há dinheiro para as reformas, é preciso aumentar o valor do condomínio, o filho do dono do ap. 502 está jogando bola no salão de festas, blá, blá, blá...” E, ao olhar incisivo de um outro morador, arremata “Sem mais delonga”.
O síndico poderia redigir os assuntos e ater-se somente a eles, sem apontar ninguém, mas partilhar os problemas e dividir soluções e antes mesmo de marcar a reunião, delimitar o tema, sempre respeitando as opiniões e sugestões dos outros moradores, quando possível for acatá-las, para que a reunião seja prazerosa, surta os efeitos esperados e que seja, realmente, sem mais delonga.
Adriana Quezado