Azar no jogo e no amor = Sorte nas compras.

Aquela parecia ser mais uma quarta-feira chata e tediosa de janeiro. Mas eu tenho uma prima que é uma declarada anti-tédio que desenvolveu ao longo dos anos, através de vários testes (festas e coisas afins) e estudos (outras festas e outras coisas afins), várias formas e fórmulas para afastá-lo.

Dessa vez, ela decidiu não tomar nenhuma medida drástica imediata. Decidiu cautelosamente (por nós duas) que precisávamos ir ao Shopping. Não que shopping seja a coisa mais emocionante do mundo, mas acreditávamos (quero dizer, acho que ela acreditava) que lá existe uma maior probabilidade de encontrar algo melhor para fazer do que em casa. Se bem, que isso depende do shopping e da casa. Ah, e das pessoas. Só que isso não vem ao caso, agora.

Quando chegamos ao Shopping (perceberam como estou gostando de escrever esta palavrinha?!) descobrimos (Mentira. Já sabíamos.) que 93,565% das lojas tinham resolvido ser boazinhas e legais, colocando todos os produtos em LIQUIDAÇÃO (sintam a pressão das letras garrafais).

Imagine aí, nós duas em completo estado de insanidade causado pelo tédio em meio aquele Paraíso Feminino.

È isso mesmo que estão pensando. A única coisa que queríamos era entrar em todas as lojas ao mesmo tempo, ter um limite ilimitado no cartão de crédito, levar tudo rapidamente para casa e não precisar rezar nem fazer promessas para aparecer alguém para pagar nossas “comprinhas”.

Naquele dia aconteceram alguns fatos estranhos e curiosos.

Enquanto entrávamos nas lojas e tentávamos dar a impressão de pessoas normais e controladas, conversávamos sobre a minha falta de sorte nas relações amorosas (estou tentando ser delicada com o assunto para não assustar vocês) e a sorte da minha prima (Muita, muita mesmo para ser sincera).

Íamos falando, rindo (das minhas tragédias e das teorias dela) e experimentando as roupas. Não importava qual roupa eu vestisse, sempre ficava perfeita, linda (um acontecimento que ocorre apenas uma vez a cada milênio, pior que eclipse). Já as da coitada da minha parente (sei que é feia essa palavra, também não gosto muito, mas para evitar de escrever a palavra ‘prima’ mais uma vez) ficavam sempre desajeitadas. Ou folgadas demais ou apertadas demais (algo bem atípico também).

Engraçado disso tudo é que o manequim dela é bem, mas bem mais favorável que o meu (Controlem-se. Parem de querer informações indelicadas). Mais engraçado ainda é que ela tinha dinheiro e eu não. Ela tinha dois cartões “bem livres” e eu não. Porém, não foi empecilho para meu dia Feliz. O dinheiro e cartões dela foram “transferidos” para mim. Existe sempre um lado bom em ter primas com dias desfavoráveis para compras.

Mudamos do assunto Amor para o assunto Jogo. Já que eu não tinha sorte naquele tinha que ter neste.

Todo o meu histórico foi analisado e reanalisado e nem um pouquinho, nem uma gota sequer da sorte em jogo nenhum. Fomos dos jogos esportivos às rifas para obras de caridade. Nunca ganhei jogo nenhum de baralho (só quando o meu pai deixava), nenhuma partida de futebol (das raras vezes participei de algum time disso, fiquei no banco eternamente), nem um chaveirinho de camelô em uma rifa qualquer (também não queria mesmo). Nunca mesmo.

Tinha algo errado. E tínhamos que descobrir.

Havia chegando o momento ideal para o sorvete. Ele seria muito bem-vindo enquanto pensávamos. E de tanto pensar a bola do sorvete da ... (É. Isso mesmo) minha prima caiu da casquinha e ela se sujou toda. Olha que o meu veio bem mais que o dela. A coitada tava com azar até na compra de sorvete.

Finalmente, ela conseguiu encontrar algo que servisse. Um shortinho bem curto(quase uma calcinha)em uma loja de departamentos. Em compensação, teve que enfrentar uma fila quilométrica. Tive a impressão que teria que ficar esperando-a meses até que chegasse sua vez de ser atendida no caixa.

Pensam que acabou foi?!

Quando fomos pagar o estacionamento, (quero dizer, quando ela foi) a máquina engoliu o cartão e o dinheiro. Tivemos que esperar pelo menos uma hora até que tudo fosse resolvido (mal resolvido, diga-se de passagem).

Ela passou o caminho inteiro de volta para casa segurando um terço e pedindo a Deus pelo menos um terço de sorte e que nada pior acontecesse. Mas não aconteceria, pois não tinha relação com as compras (pelo menos, acho que não).

O fato é que chegamos sãs e salvas em casa. E eu, além de salva, estava bem satisfeita e feliz.

Tenho azar no jogo e no amor (para dar e vender). Contudo, descobri certa sorte nas compras (que não divido, não vendo nem dou a ninguém).

É prima, com isso tudo aprendi que a falta de sorte no jogo e no amor acarreta sorte nas compras. Ninguém pode ter tudo não é mesmo?!

Talita Souza
Enviado por Talita Souza em 29/03/2009
Reeditado em 25/04/2010
Código do texto: T1511614
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