Tardes.

Momentos dispersos e escassos, como as brumas de um dia em levantar, ou os finos carraras dispostos dos céus para iluminar, de luz por vezes forte, mas de sempre em sempre tênue e fraca; são assim os dias passados tardes, os dias quais não voltam, porque de fato nunca sobrevieram. São como belas e tênues ilusões de dolo, para envolver o pobre tolo o qual quiser nelas se jogar.

Não digo que seu inebriar é feio ou tosco, pelo contrário, o enganar é belo, em certo ponto maravilhoso; apenas é questão do homem de querer ou não por ele ser tragado.

Tragado e tomado pelos dias que se perdem em sonhos inebriantes, de tardes, noites e dias os quais nunca vieram.

Como o premio, ou tesouro perscrutado; dos dias a essa busca incessante perdidos pelo simples desejar e querer ser devorado pela opulência e volúpia desmedidas.São tardes os dias de sono meio acordados, meio dormidos, imaginados com uma mulher amada, ou homem dos sonhos remidos, e nunca porem vindos; nem ao menos chegados.

As volúpias às vezes são carnais, os furores por horas são intensamente ébrios e extenuantes, sendo que no fim, perde-se o que de fato era para ser buscado.

O homem acaba se atendo com inutilidades passageiras, perenes perdas as quais se deixa levar, tal o nadador experiente e orgulhoso, o qual uma vez em mares de ressaca, onde no seu fundo já esgotado, acaba sendo levado para as profundezas telúricas do oceano, por conta de si mesmo.

Porem as tardes, não as de devaneios fulgurantes, ou as dos tempos que se foram e por agora sem volta; essas tardes se deitam sobre nós. O sol em crepúsculo desce ao fundo se aconchegando pleno e cândido no doce colo do mar, de forma morosa e bela, tendo suas luzes por cobrir o azul escuro do firmamento, para que a estrelada noite mais uma vez se consuma, feito o sorriso de mulher amada.

São essas tardes as quais se preparam às noites,

e as manhãs que devemos admirar.

São elas quais devemos perscrutar.

Porque apesar de serem breves, são eternas.