Mulheres Perdidas - Desafio
“Cadê Dalila?”
Nunca ví ninguém que se perdeu chegar na hora... Eis-me aqui, atrasada, como de costume, mas vim...
Ando/ estou/ sou tão perdida que até a Ivete Sangalo está procurando por mim! ‘Tô em Miami, fofa! Alguém avisa prá ela faz favor! Tadinha...
Mi maridito lindo diz que é capaz de eu me perder entre o quarto e o banheiro (suíte!)... aí também já é sacanagem dele, até sei onde fica a cozinha! Eu até vou lá de vez em quando! E sozinha! Tipo pr’á buscar um copo d’água... essas coisas... também não vamos exagerar, certos caminhos, conceitos e palavras eu não sei e nem quero aprender.
Perder-se no sul da Flórida, no entanto, é curiosíssimo, porque você não se perde em um País, perde-se em vários! Se precisar achar o ponto de ônibus melhor não pedir informações para nenhum colombiano, ou periga você sair da conversa um tanto quanto ofendida, mas isso nem é tão importante, uma vez que quase não tem ônibus aqui mesmo. Agora perder-se em Hialeah, a versão miamiana de Havana, a não ser que você fale um excelente Espanhol, ou melhor, um péssimo, mas bem rápido, é fria! E acredite-me, aquela conversa de que Português e Espanhol são línguas parecidas e que dá prá se virar, é conversa pr’á boi dormir! Na melhor das hipóteses você fica olhando pr’á cara deles enquanto lhe falam com aquela cara de “O homem que falava Javanês”..., sorri, “gracias!”, mas não “pesca” lhufas!
Gringos também não ajudam! Não importa o quão bom seja o seu Inglês, e nem é má vontade não, é preguiça mental mesmo! Minha amiga romena outro dia me contou, quatro anos e duzentos paus n’um GPS depois, que avenidas são sempre Norte/Sul e ruas são sempre Leste/Oeste. Pôxa! Nenhum gringo jamais me concedeu essa valiosíssima informação! Fui reclamar, claro, pr’áquela que se diz minha amiga, super-culta e conhecedora de todos os assuntos, com PHd e tudo, nascida e criada nestas bandas, resposta que recebi: “Jura????? Não sabia não...”. Que há de se fazer?
Domingo foi show da Daniela Mercury aqui, lá pelas tantas ela resolveu dar uma de Mercedes Sosa, e lá foi ela de gracias-a-la-vida-que-me-he-dado-tanto-em-ritmo-axé ou algo assim, vira-me meu adoradíssimo e cubaníssimo esposo e solta a bomba: “Eu conheço essa música, só que em Espanhol...”, restou-me rir.
Semana passada me convidaram a uma festa de aniversário. De quem? Não tenho a menor idéia, mas fui, claro. Anotei o endereço, com cep e tudo, botei no GPS feliz da vida, nada... ‘tá “acquiring satelite signal até agora, desde domingo”..., liguei pr’o meu amigo, convidado do convidado do convidado que me convidou... – “Como é que eu chego aí?” // – “Não sei.”. Você respira fundo, em nome da amizade, e refaz a pergunta em outras palavras... – “Como é que você chegou aí, meu anjo?” // – “Cochilando no carro da Ana.”... Nessa hora, absolutamente desinteressada nessa informação, você/ eu/ qualquer um perde a paciência... – “Passa essa merda desse celular pr’á Ana!” (que, claro, é cubana, e fala mais depressa que o Enéas). Oye! Metade eu não entendi mesmo, nem da terceira vez que ela me explicou, mas da outra metade deu prá ter uma idéia, e lá fui eu, inocente que só, pensando, totalmente abdicada do meu lado masculino, “qualquer coisa peço informação em algum posto de gasolina lá por perto”... ledo engano...
E lá estou eu, depois de vários vai, passou, volta, passou, vai de novo, passou de novo, volta de novo, cadê?..., rendo-me ao posto de gasolina... “Sir, please do you know where is the S 25th Street?” e olha que pérola: “I’m not sure ma’am, but I believe it might be righ after or right before the 24th, heading south.”… AAAAHHHHH! Nessa hora fiquei macho! Fui por mim mesma, levou quase duas horas pr’á eu chegar e umas cinco cervejas pr’á eu desemburrar, todavia o cara do posto não estava de todo errado... por razões que a razão (ao menos a minha) desconhece, a tal da rua 25, que se estende por apenas duas quadras, é exatamente ENTRE(!!!) a 23 e a 24.