Homem criança
O olhar brilhante demonstra a felicidade que está sentindo. Não há medo na expressão. Não há segundas intenções. A ingenuidade de apenas ser feliz. Fazer o que se gosta na mais pura simplicidade: Brincar, correr e pular. Parques, shopping, lanchonetes. Balas, pirulitos e chocolates, nada satisfaz sua infinita felicidade. Apenas um mundo encantado de sonhos e realizações ao seu alcance. Sem medo de ser feliz, querendo sempre mais. Assim é a criança, que não se bloqueia, não impede a vinda da felicidade, inversamente do adulto, que a cada conquista, cada meta atingida, traz consigo o sentimento da perda e de catástrofe.
A felicidade é simples: “Sentir bem consigo, fazendo o que lhe dá prazer”. O homem amadureceu, evoluiu, criou uma sociedade de injustiça e é influenciado por ela. Na competitividade social e no individualismo exibicionista, emerge condicionada mentalmente e constante a busca por bens, não apenas para sua satisfação, para o seu conforto, sua facilidade, mas para o reconhecimento perante o próximo, como forma de expressar seu status e poder. Opostamente à criança que compartilha suas brincadeiras com os (as) colegas mais próximas. Divide suas balas, seu chocolate e ri alegremente. Esta busca ilusória por bens, que supostamente traz a felicidade, impele quase que obrigatoriamente o adulto a conseqüências negativas após o objetivo ser atingido ou o sonho ser realizado: o medo de perder o que se conseguiu, ou seja, o medo da felicidade. Ilustrando um pouco além: quando tudo está transcorrendo normalmente e em plena felicidade na vida adulta: estabilidade financeira, bom emprego, boa casa, estudo, enfim, uma diversidade gratificante de conquistas, logo tem se, o pressentimento de que algo de ruim está para acontecer. Novamente o medo da felicidade, diferentemente das crianças que não se cansam de chocolate e pedem mais.
O segredo consiste em aprendermos com as crianças. Cada coisa ao seu tempo e lugar. Sentir bem consigo. Compartilhar com o próximo e não confrontar. Adquirir o que se gosta pelo prazer e satisfação do próprio ego e não do próximo. O homem tem que resgatar sua infância, afinal quem não gosta de chocolate.