A era do rádio

O rádio foi, antes da popularização da TV, o meio de comunicação mais acessível à população, em especial a aqueles que como eu, viveram no interior, já que os jornais, com pouca circulação, dificilmente chegavam às mãos dos menos favorecidos e , quando isto acontecia, normalmente eram números atrasados.

Mesmo o rádio, lá pelos anos 60, era privilégio de poucos. Lembro de pessoas que vinham a nossa casa com o intuito exclusivo de ouvir a maravilhosa caixa que falava.

Meu falecido pai, não deixava de ouvir a Voz do Brasil, naqueles tempos instáveis da política brasileira que culminou com a implantação da ditadura militar em 64.

Minha mãe, também falecida, e minhas irmãs acompanhavam com grande interesse o desenrolar, capitulo por capitulo, as radio novelas.

Eu, particularmente, era ligado em um programa que contava causos misteriosos, do alem, cheios de assombrações, que o locutor jurava serem baseados em fatos reais. Muitas noites tardei a dormir amedrontado pelos relatos que ouvia.

Lembro do primeiro rádio que tivemos, grande, caixa de madeira e a pilha, recarregável, era enorme e pesada, maior que uma caixa de sapatos.

Este rádio ficou totalmente destruído, numa ocasião em que ocorreu a queda de um raio, inclusive derrubou alguns de meus familiares que estavam pertos no momento da explosão.

Na minha ignorância de criança, acreditava que a programação ia se acumulando dentro do aparelho, e esvaziava na medida em que era ligado. Quanto mais tempo ficasse desligado, maior acumulo de informações.

E não era só eu que pensava assim. Contam que certo senhor, quando levou seu rádio para consertar, pediu ao técnico que colocasse bastante musicas, e sertanejas, que eram suas preferidas.