ESCOLA DE MÚSICA DA UFRJ
ORQUESTRA SINFÔNICA DA UFRJ
Regente: MAESTRO ERNANI AGUIAR
 
 
         É um outro mundo. A Escola é um prédio lindíssimo, com três salas de apresentação de música de todas as formas de arte, sinfônica, duetos, canto, coro orfeônico, com três salas suntuosas e escadas em curva muito altas, mas verdadeiras obras de arte em dois lados e iguais (talvez sejam mais bonitas que as do Municipal). Acho que o prédio comtêm três ou quatro andares. Nunca tinha entrado ali. Fica na esquina da Lapa com o Largo do Passeio. Maravilhoso.
         Estava com receio de atrasar na apresentação da Orquestra Sinfônica da UFRJ que seria e foi às 18,30 horas. Assumi o meu cabelo, só lavei e fui do melhor jeito que pude. Nem sabia o repertório, mas o principal é a alegria e orgulho de ver meu primo Ernani como Maestro.
          Cheguei à Sala e sentei num lugar vago bem na frente para ver meu primo Maestro, que já assisti na sala Cecília Meireles e é lindo e talentoso, foi muito emocionante. O pai dele era maestro e compositor Wolney Aguiar, irmão mais moço da minha mãe Maria José de Aguiar Martins, ambos falecidos. A mãe do Ernani Aguiar é Mariazinha Chaves Aguiar, é uma soprano maravilhosa. Está bem idosa,
         Mas cheguei e assentei na primeira fila, assim pertinho da orquestra. Meu Deus: a gente vive nesse Rio de Janeiro de violência, que a mídia eleva ao cubo, e as belezas e importâncias do Rio ficam por nós até esquecidas ou ignoradas.
         Os músicos estavam se situando cada qual no seu lugar com seu instrumento no chão esperando e treinando, nos últimos minutos. Outros iam chegando. Tudo ali já está no lugar e posição específica. E a sala vai enchendo, entrada franca.
         Vou repetir: é um outro mundo. Cada instrumento já é lindo, e leva o músico a uma postura especial, eretos na coluna, braços e pernas soltos abarcando seu instrumento, como cúmplices ou um só ser. Os semblantes são especiais, e lindíssimos, Homens e mulheres e instrumentos. O conjunto de cada um tem uma nobreza e flui uma beleza tal, que não tem homem nem mulher “feio”, todos são belos. Naquele zunzum de treinar as notas principais o ambiente vai tomando corpo de ar, energia ou sentimento de beleza que vai incorporando com o espectador. Emoção solene. O Maestro ainda não entrou.
Mas estes artistas da música são mais do que artistas, são de uma espécie diferente. As fisionomias são belíssimas compenetrados no que vão executar e no conjunto da obra. Há nobreza até em nós que vamos ouvir, mas já se sente uma coisa grandiosa e diferente que ainda não se sabe definir.
         Entram todos e assumem suas posições. Uma violinista se levanta, olha para os trompetes ao fundo, assume uma postura linda e seu arco dá um som que é uma nota musical. Cada trompete repete a nota dela até que a dele seja igual. Com o arco e um movimento de queixo ela   indica o próximo, que faz o mesmo, até todos repetirem som igual a ela; acho que eu a chamaria de maestrina. E beleza, que todos são alunos da escola.
          Silêncio se faz.
          Entra o Maestro Ernani Aguiar. Aplausos. (Ele é muito importante e reconhecido no exterior. Também é Imortal da Academia Nacional de Música). Levanto e aplaudo também como maior sorriso e orgulho. Ele não me olha, mas eu sei que ele já sabe que eu estou ali. Pausa no ar.
(Eu lembro e sinto saudade do tio Wolney, do meu irmão Gabriel e do meu pai que estariam felizes de estarem presentes).
         O Regente assume uma postura linda, todos os músicos também. Um instante imóvel em todos. E a batuta se mexe e começa a Abertura “A Gruta de Fingal” op. 26 de Felix MENDELSSOHN... É LINDO. DEMAIS.
Fico completamente em outro mundo de beleza e delicadeza e sensibilizada. É uma viagem ao melhor dos mundos. Choro...
Aplausos, aplausos... O regente se retira.
Depois vem a segunda parte “Concerto para Marimba e cordas, (entendam-se uns quinze violinos e outro tanto de violoncelos e a marimba). Lindo.
 Aplausos mills. O maestro se retira.
Vem a parte final com a Suíte No. 2 para orquestra de câmara de VILLA LOBOS (I-Lamento, II- Scherzo. III- Passeio, IV- Canção Lírica,
V- Macumba.
   M A R A V I L H O S O
Só aplausos e beatitudes. Vou lá ao fundo, abraço-o emocionada.
E volto pra casa, pela Rua da Lapa às 20 horas, receosa da rua,