Meu querido Thunder

O Thunder é o meu peixinho beta que ganhei no meu último aniversário, há 7 meses. Para não deixá-lo sozinho, já viajou duas vezes comigo para Rio Preto. Todas as manhãs, antes mesmo de tomar café, alimento-o com sua ração.

Hoje cedo ao acordar, fui à sala e me deparei com o Thunder estendido no chão, sequinho, parecendo uma folhinha seca, com os olhinhos fundos... E o aquário sem ele, sem vida... Que tristeza...

Demorei a acreditar nos meus olhos. Primeiro, pela tristeza. Segundo, por não entender como ele teria sido capaz de tal salto mortal, literalmente. Como não acredito em obra do além, a única explicação é que ele saltou mesmo do aquário passando pela pequena abertura da tampa. Suicídio? Não, ele era um peixinho feliz, eu sei.

Ele despencou de cima da raque (onde fica o aquário) até o chão... E não estava exatamente embaixo do aquário, então deve ser se saracutiado muito, coitadinho... em vão... porque eu não estava lá para salvá-lo... Oh, horas e horas no chão frio e seco... e sem poder gritar por socorro... Ou teria gritado? Não ouvi.

Não foi um olho no peixe outro no gato, porque não tenho gato. Então com os dois olhos fixos no peixe, as cenas continuavam a rodar na minha cabeça e comecei a pensar no funeral: enterrá-lo solenemente no jardim, onde eu pudesse saber que ele estaria lá descansando eternamente, e prestar minha homenagem sempre que eu quisesse. Mas não tive coragem de tomar as providências fúnebres logo de imediato. Deixei-o sendo velado no local original.

Fui caminhar. Voltei mais de uma hora depois. E estranhamente ele não estava mais no mesmo local de antes, embora o pobre continuasse sequinho, claro. Mais uma vez, obra do além? Não... Vento também não havia para arrastá-lo. Formigas? Tampouco.

Subitamente, me ocorreu um fiozinho de esperança de ter restado vida naquele corpinho e rapidamente coloquei-o de volta no aquário. Esperei, esperei, porém, nenhum sinal consolador... Pelo menos, mesmo morto, ele ficaria um pouco mais no ambiente em que viveu.

Foi bonito vê-lo flutuando de volta na água, mesmo com as nadadeiras murchinhas... Nenhum peixe fora da d’água...

Depois de alguns instantes, pequenas bolhinhas começaram a sair das suas guelras, minúsculos movimentos no seu corpinho emagrecido e mais uma vez não acreditava nos meus olhos! Estava ele lá, no aquário, vivinho da Silva! Fraquinho coitado, mas se movimentando, nadando devagarzinho, com a boquinha quase fora da água. Acho que o que ele mais queria era mesmo respirar...

É isso aí, garoto! Vida nova!

A CONTINUAÇÃO

É, tudo que é vivo cumpre sua missão um dia... Ao chegar em casa, no fim da tarde, o meu lindo Thunder estava no fundo do aquário, imóvel, sem soltar bolhinhas nem nada... Que peninha... O enterro foi às 20h.

(14/11/2008)

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 26/03/2009
Código do texto: T1507398
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