Plágio não, intertextualidade
Já não é de hoje a polêmica em torno de José Saramago, autor do recente sucesso adaptado para o cinema, “Ensaio sobre a cegueira”, a respeito da sua possível quebra dos direitos autorais. Após a publicação do romance “As interminências da Morte” (2005), o jornalista e escritor mexicano, Teófilo Huerta Moreno, em uma entrevista a um programa de rádio, afirma que Saramago o havia plagiado: “o caso de abuso literário exercido pelo português José Saramago ao inspirar-se no meu conto para o seu livro.”
Saramago afirma que não tinha nenhum conhecimento do conto do jornalista e garante não ter realizado o plágio. Mas vamos pensar um pouco sobre isso. O que hoje em dia não é copiado? Programas televisivos são copiados, comidas são copiadas, posições são copiadas, a própria moda é uma cópia. Ou vai me dizer que Murilo Mendes copiou Gonçalves Dias? Que Ariano Suassuna plagiou Plauto? Ou ainda que Machado invejou Shakespeare em vários trechos do “Dom Casmurro”? Todos sabemos que não. Graças a Deus que temos em quem nos basearmos para escrevermos. Finalmente cheguei onde queria. Não estou comentando sobre a cópia pura, de palavras, vírgulas e pontos, mas refiro-me a inspiração. Nada vem do nada. Na natureza, nada se cria tudo se inspira.