E se eu morrer amanhã?

E se eu morrer amanhã? Às vezes tenho uns pensamentos meio macabros, geralmente quando estou com insônia – como meu pai sempre dizia: cabeça vazia é oficina do maligno. No momento da insônia se passa tanta coisa na cabeça que uma hora se transforma em cinco... No mesmo tempo que penso em coisas que chegam a dar medo, aquele medo de correr pro meio da cama da mãe, penso em outras que gostaria que ela nunca soubesse. É engraçada e embaraçosa essa situação: você quer dormir, você tenta, faz de tudo... Mas o danado do sono não vem... E quando ele vem é aquele soninho sem vergonha intercalando intervalos de minutos e te fazendo ter pequenos sonhos estranhos e sem sentido algum... Enfim a pergunta inicial do texto é um dos pensamentos que sempre vem a minha cabeça nestes dias de insônia. Uma curiosidade fúnebre me faz querer saber quem choraria... Como se eu estivesse lá assistindo tudo... Muito estranho isso... Imagino a reação das pessoas ao receberem a notícia da minha morte... Ou mesmo a maneira de dar a notícia a quem não me conhece bem... Aquelas coisas de cidade pequena tipo: “ai, a fulana filha de cicrano da rua de traz do seu João da bicicleta” ou mesmo na faculdade: “aquela baixinha do terceiro ano de geografia”

Sem falar em tanta coisa que eu ia deixar por fazer! Planos, sonhos, metas... Depois destes pensamentos bate a tristeza... Uma sensação estranha demais... Medo de que isso aconteça mesmo! Em seguida, mesclando sentimento, dá uma vontade de acordar no outro dia cedo, aproveitar bem o dia, fazer muitas coisas novas que tenho vontade e nunca tive tempo! Nem sempre cumpro com isso, mas devo dizer que esta noite cheguei a conclusão: refletir sobre a morte nos faz valorizar a vida!! E os momentos de insônia, às vezes, podem ser aproveitados pra nos favorecer com boas repercussões no nosso próximo dia... Que, aliás, nunca saberemos se será o último. Por fim, se a cabeça vazia é oficina do maligno, então o maligno só pode ser o Alzheimer! Exercitemos nosso cérebro nos momentos vazios de maneira que nos favoreça. Sempre.

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 26/03/2009
Reeditado em 26/03/2009
Código do texto: T1506837
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