ESQUINAS
Gosto de parar em esquinas quando estou caminhando.
Elas nos ofertam novas perspectivas das velhas ruas que habituamos percorrer. De repente um canto comum oferece à íris a possibilidade de um novo foco. Uma nova tomada a cada movimento entre cílios e pálpebras. Mas nem sempre é possível se deixar tomar por esse breve encantamento. A vida exige tanto e temos tanta coisa requerendo o nosso concorrido e exaurido observar.
E se não olhamos nem para um ângulo por onde poderíamos facilmente contemplar que diremos então das esquinas que sobre nós flutuam e que só alcançamos quando nos desprendemos desse nosso tão frágil olhar.
Azuis infindáveis onde sóis aguardam luas arrebatadoras e mágicas, potes escondidos em tantos arco-íris, brisas que contam histórias de novos horizontes...
Direções novas nos são ofertadas a cada cruzamento, universos paralelos e perpendiculares revelam-se.
Ali o homem vislumbra diante de si rotas novas e o que é velho assume as vestimentas do atemporal. O olho que apenas via agora enxerga entende e por esse novo prisma passa também a crer.
Há tantas possibilidades nesse cruzamento de infinitos, de novas cores que se mesclam a retina do transeunte dessa nova ótica, mas certezas talvez apenas uma é fato.
É a de que a esquina mais azul fica bem mais ao sul que qualquer tentativa de entendimento.
Cherry Blossom
Crônica dedicada a Orlando Baumel
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