A atual era do gelo
Estamos revivendo a era do gelo. Intempestivamente fria nebulosa e sombria.
Cada dia acontece um deslizamento de um bloco gigante e avassalador sobre nossas cabeças. Alguns se protegem como podem, outros não tem a mesma sorte, acabam soterrados pela grande avalanche catastrófica, levando consigo; vidas, sonhos e desejos.
O frio persiste, sentimos na pele, no coração, na alma... Tentamos nos proteger a todo custo, a todo o momento, mas ele é que tem ditado as nuances do nosso tempo.
Corremos pra lá, corremos pra cá, numa correria desenfreada que não sabemos aonde, ao certo, isso vai nos levar. É cada um por si, ninguém por todos... A frieza desalmada a vitimar os seres mortais...
Quem pode agarra-se como pode, salvando apenas o lhe convém, e neste, aquece-se apenas o necessário, para sua sobrevivência e nada mais importa, porque o gelo, dentro em breve, perceberá os focos de calor e, impiedosamente despejará toneladas de flocos gélidos apagando assim possibilidades de alternância.
O gelo sobrepôs ao calor, ao fervor, ao amor. Esse gelo desumano, egocêntrico, encontra-se hoje no ser humano. Seres frios de comportamento, de atitudes, congelando-se cada dia mais seus sentimentos às insignificâncias da vida moderna, como: o medo, a desconfiança, a violência, a ganância, a intolerância, o descaso e a descrença.
Essa multivivência de paradoxos estranhos: Fenômenos naturais, aquecimento global, efeito estufa, contrapondo com a geleira do coração e da mente do homem, permanentemente sem degelo. à frialdade queimou a sensibilidade, congelou amor e sufocou a esperança de tranqüilidade... Haverá o dia em que o sangue humano também congelará causando hipotermicamente o conceito da raça.
Na era passada, o gelo climático derreteu sob o calor pondo fim a civilizações e espécies, na nossa era, o gelo interior, anti-sentimento, apagará gradativamente, a miúda chama que ainda nos resta, o intelecto, e nos autodestruirá não deixando vestígios, saudades e tão pouco compreensão por tamanho cataclismo.
Portanto, a atual era do gelo que me refiro nada mais é que do que a perda do prazer pela vida, pelo próximo, por Deus, pelo bem-estar, família e pela continuidade da humanidade.