EM BUSCA DA MONTANHA MÁGICA

EM BUSCA DA MONTANHA MÁGICA

“Por que você me ama?

Porque você permitiu.

Essa frase remete ao mais

Simples mecanismo de

Reciprocidade e lealdade

Se um pergunta ao outro a

Razão de seu sentimento

Em direção a ele, a resposta

Só poderia ser essa.”

Às vezes eu converso com os meus comigos. Hoje pela manhã, diante do espelho eu disse : hei dona Zélia, que cara estúpida é essa? Comeu e não gostou, foi? Vamos lá, como diz a musiquinha, enxuga a lágrima faz um sorriso, mostre a essa gente que é feliz e não começa com crises existências que eu não estou afim de ficar com peninha de ti. Fiz uma careta, ensaie um sorriso, só que amarelo... Ai, o comigo disse lá: Um conselho? Por que não fazes as malas e partes em busca da tua “Montanha Mágica”?( fazendo alusão ao livro de Thomas Mann, escrito em 1924, no original com o título em alemão Der Zauberberg e entre nós, “Montanha Mágica). Vai te “curar” em algum sanatório em Davos, nos Alpes suíço, vai procurar tua turma, desligue-se do tempo, sai da “planície” vai discutir com os que têm tendências e pensamentos iguais aos teus, sobre política, arte, cultura, religião, filosofia, a fragilidade humana, o caráter subjetivo do tempo, sobre o amor. Falar sobre o amor... Qual? Amor físico? Amor platônico, amor materno, amor a Deus, amor a vida? E por falar em amor platônico, sabia que é uma expressão usada para designar um amor ideal, alheio a interesses ou gozos ( um amor impossível de realizar). Mas há quem afirme tratar-se de uma má interpretação da filosofia de Platão, quando vincula o atributo “platônico” ao sentido de algo existente apenas no plano das idéias. Porque Idéia em Platão não é uma cogitação da razão ou da fantasia humana. É a realidade essencial. O mundo da matéria seria apenas uma sombra que lembraria a luz da verdade essencial. Disso pode-se concluir que o amor Platônico é uma interpretação equivocada do conceito de Amor na filosofia de Platão. O amor em Platão é falta. Ou seja, o amante busca no amado a Idéia – verdade essencial – que não possui. Nisto supre sua falta e se torna pleno, de modo dialético, recíproco. Nem de longe é a noção de amor covarde que nunca se realizará. Em contraposição ao conceito de Amor na filosofia de Platão está o conceito de Paixão. A Paixão seria o desejo voltado exclusivamente para o mundo das sombras, abandona-se a busca da realidade essencial. O amor em Platão não condena o sexo, ou as coisas da vida material.

E, feito a Esfinge, fico por aqui espantando Tebas, até que Édipo me decifre e eu por conta me atire no abismo.

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 24/03/2009
Reeditado em 24/03/2009
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