Um momento de reflexão
Quero materializar palavras sobre o papel. Eu sei que elas existem, mas quais elas são? Em algum lugar da minha mente, há um poço repleto de vivências, cavado até uma profundidade que, na prática, ultrapassaria a minha massa corpórea total em conteúdo. Devo selecionar letras, uma a uma, catando fragmentos da minha vida. É engraçado saber, ou ao menos pensar que sei, que neste momento eu estou aplicando algo que se iniciou desde quando tive noção da minha própria existência. Vejo-me tomando as primeiras lições sobre o alfabeto, formando as primeiras palavras, tentando expressar em letras algum dia da minha vida. Tudo pela primeira vez. Eu me lembro e penso sobre isso.
Essa habilidade, para visualizar esses momentos, existiria independente de tê-los vivido ou não? Penso eu, logo existindo, que nada mais sou que o fruto de tais lembranças, as quais montam o quebra-cabeça de meu pensamento atual.
Raciocinando bem, numa comparação grosseira, imagino um arquivo em meu computador, contendo um vídeo de toda a minha vida, incluindo, além dos momentos sentidos, vistos e ouvidos, tudo que eu estava pensando em tais momentos. Considerando a gama de cores e espaços captados pelo olho humano, praticamente infinitos, e a freqüência auditiva tão vasta, se for contar o mundo de possibilidades que a cabeça reserva para tais lembranças, acho que tal arquivo precisaria de vários prédios repletos com “HD's” para armazenar apenas a parte da minha infância. Só o olho humano, necessitaria de uma enorme coleção de softwares com complexidade absurda para poder fazer funcionar tal mecanismo. Agora, imagine um processador capaz de lidar com tudo isso naturalmente no dia-a-dia, sem precisar “reiniciar” em caso de travamento.
Definitivamente, a mente humana é muito extensa para se definir em tão curtas palavras. Neste exato momento, pensei em tantas coisas que não consegui expor em palavras... Pararei por aqui, pois abordar o campo da compreensão é algo que às vezes nos torna incompreendidos. Concluo apenas que cada cérebro reserva um momento certo na vida para que possamos entender a nós mesmos.