A hora da salvação

Só a educação salva!

Mas quem são os responsáveis pela salvação? Os educadores, os pais ou os alunos?

Viramos a página recente de nosso país, pois vinte anos em escala histórica não significa nada, onde passamos de um sistema absolutista ditatorial, para uma lambança de libertinagem total. Não se respeitam as regras. Formados por uma geração revolucionaria que queria combater o sistema, e logo confundiram com “bardernar” as leis e regras de convivência social. No final da ditadura, meados dos anos 80, entrei na escola primaria que ainda mantinha resquícios dos mandamentos militares no currículo e na cabeça de pais e professores. Era comum os pais à porta da escola entregavam os filhos às professoras, e de quebra ainda diziam:

- Se ele lhe incomodar pode castigar!

E ai de nós se houvesse uma reclamação oriunda de mau comportamento e desrespeito aos mestres, ainda vistos com autoridade e austeridade diante de alunos e sociedade. Hoje a sociedade patética e incapaz de resolver seus problemas, inclusive de educação essencial que deveria ser adquirida no seio da família, que delega esta atribuição aos professores. Essa terceirização de valores nos habilita às necessidades dos gestores numa versão democrática de ditadura, onde sociedade desqualificada, “robotizada” e construída em linhas de montagens, desvalorizando o individuo, assinam sem ler, uma procuração para serem exploradas. Os pais estão deixando a critério de professores partes da aprendizagem que precisamos trazer de casa, como caráter, ética, respeito, entre outros, como religiosidade, num país de limites continentais, há vários dogmas e crenças, e escolas públicas não podem interferir neste ponto. Embora se saiba, testemunhei um caso destes numa escola estadual de Santa Maria – RS, uma professora de educação infantil, fazendo as crianças rezarem um Pai Nosso, antes de merendar. Uma oração Cristã, principalmente Católica, numa escola que reúne alunos de varias correntes e desígnios religiosos.

Culpam sem critérios os docentes pela má educação do país, e os acusam de “mercenarismo” por lutar por melhores salários, diante das constantes greves, e democraticamente cortam vencimentos das grevistas, e pagam salários irrisórios num desrespeito latente à categoria, enquanto pagam salários de cerca de dois mínimos para um professor pósgraduado, não sem antes espernearem pois aumentaria os gastos públicos, pagam um sem numero de funcionários medíocres para atenderem mal os reclamantes, e ainda ganham fortunas. Isso que se reclama pouco, num país de analfabetos, quem aos vinte anos consegue escrever o nome, significa bom ensino.

Outro dia mesmo precisei de um documento expedido pela coordenadoria de educação, na minha cidade, fui atendido rapidamente, mas precisava ligar dentro de duas semanas, para ver se teriam condições de me entregar o documento, que normalmente levaria cinco dias, pois estavam sem impressora. Na era da informação tentei sugerir levar minha impressora de casa, nada feito, mandar por e-mail, nada feito. Na ultima das hipóteses, perguntei onde sairia com mais rapidez.

A resposta seria na coordenadoria central, em Porto Alegre. Como moro a meia hora da capital, me desloquei para lá. Com uma vontade jurássica, uma funcionaria levou duas gerações para me atender, tal era sua atenção, sequer sabia do que eu estava falando, mas para não passar em branco me mandou para outro setor, ainda bem que um andar acima. Lá chegando à surpresa. Elas não sabiam de nada. Fiquei como barata tonta, sem saber o que fazer naquele amontoado de mesas e cafezinhos, me mandaram voltar onde estivera antes, que recusei, obviamente, no que a funcionaria disposta como uma tartaruga, foi procurar alguém competente no setor que pudesse sanar minha duvida.

Não deu outra, fui mandado para a Secretaria Estadual de Educação, que distava dali um bom trecho, sai porta afora esbravejando contra o telefone celular que justamente naquele momento estava sem bateria, nem podia escutar uma música para acalmar a fúria, nem gravar minha crônica em voz na rua. Agora até agradeço, senão, caso usasse meus pensamentos naquela hora, seria censurado para menores de 200 anos.

Ainda não entendo como tem pessoas capacitadas que sobrevivam em meio a tantos incompetentes, aliás, isso me levou a recusar uma vaga no serviço público após passar num concurso, não suportaria ver tanto descaso, uma senhora, falha minha não lembrar o nome, me atendeu numa agilidade, e competência de saltar os olhos. Não sem antes, uma mulher bem mais jovem e fornida de matéria orgânica e gordura acumulada nas proeminências laterais da cintura, fomentadora de energia, me olhasse com desdém, como se não fosse cumpridor de minhas atribuições, fazer um gesto com a cabeça para a senhora essa me atender. Em minutos estava tudo resolvido.

J B Ziegler
Enviado por J B Ziegler em 23/03/2009
Código do texto: T1501702
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