OUTONO
OUTONO
Esta palavra me remete a dois lugares: Finlândia e Estados Unidos, onde vivi esta estação do ano. O calor emitido pela coloração amarela e vermelha do arvoredo, não se sente no ar, que já começa a se tornar frio. O verde das folhas, quase que desaparece, ficando apenas lembrado nos pinheiros, se é que esta tonalidade, mais para o pardo, pode ser definida como verde. É belo e nostálgico. Lembra-nos da época do ano mais apreciada: o verão, tempo de movimento, de férias.
Eu gosto do outono, que tem tudo a ver com maturidade e não com velhice. Plenitude: as árvores estão cheias e suas folhas ainda não se desprenderam do tronco, onde a seiva viva e forte corre, sustentando-a neste estado durante o inverno gelado. Permite, ao final dele, seu renascimento e surge a primavera. Sentimos essa promessa quando se contempla a vegetação colorida.
Os poetas usam desse simbolismo das árvores se despindo de suas folhas, para comparar o outono com o fim da vida. Eu discordo. O inverno, que aparenta ou representa esse fim, ainda está longe. São três meses, de doze, ou seja, um quarto do ano. Se a estimativa atual de vida é de oitenta anos, estamos falando de uma pessoa de sessenta. Não acho que os sessentões se consideram no fim. Olhem para as personalidades, no mundo artístico e político, e perguntem a eles se estão ultrapassados. Certamente dirão que vocês estão redondamente errados e comprovarão isso quando chegarem lá.
Esta fase da vida é criativa e trepidante, mas sem loucura da juventude. Cada emoção é profundamente vivida e seu valor registrado. Todas as vitórias têm o sabor da primeira e todos os fracassos amenizados pelo ditado “errar é humano”. Nada é definitivo e tudo pode ser modificado, melhorado. A própria aposentadoria não é a época do encerramento do trabalho, mas o período em que se começa a ter tempo para gozar a vida. Os que tiveram filhos, já os tem criados, e podem desfrutar do prolongamento do fim de semana, sem se preocuparem com a perda das aulas das crianças. As viagens não precisam ser programadas para janeiro ou julho. As opções aumentam e o prazer é quase infantil, como decidir ir ao cinema durante um dia da semana.
No outono da vida não há mais a guerra pela sobrevivência ou a difícil escolha da profissão ou da vocação matrimonial ou religiosa. Tudo já foi feito antes. Voltamos a gozar da irresponsabilidade da falta der compromissos. É o puro prazer de viver.
Entramos no outono neste final de semana e, para aqueles que, como eu, estão nessa fase da vida, lembremos que a cor oficial é “vermelho”, paixão. Paixão pelo simples fato de ainda estarmos neste mundo; paixão por nós mesmos, pelas nossas vitórias e conquistas; paixão pelos encontros com os amigos, com a família e com os amores. E, por isso, brindemos: VIVA O OUTONO!