Quanto mais se tem, mais se gasta (Alerta sobre a Água)
Quanto mais se tem, mais se gasta (Alerta sobre a Água)
Conheço o outono das telas, gravuras, fotos e filmes e confesso que suas cores, seus dégradés me fascinam mais que o arco-íris da primavera. Que também não conheço de verdade, mas imagino e como as imagino chego a pensar seus cheiros e quase senti-los.
Das estações vivi, vivenciei o inverno no Interior de Minas Gerais e a minha peculiar estação. Aqui temos chuva, muita chuva e sol. Em tempos meio que separados e temporadas muito juntos. A tal primavera e o dito outono sei no meu coração, na imaginação na sensibilidade que me inspira a escrever como se estivesse bem no meio, sendo parte de suas paisagens. Ainda os viverei mais plenamente. E os saudarei e decantarei mais ainda.
Por hora, começaria assim:
“Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá, ops!! Voltando...”
Minha terra tem chuvas diárias, quase sempre em horas marcadas, sóis rotineiros que nos fazem um povo tão único. Uma estação que não está na clássica e básica geografia.
Ciências a parte a Água é uma marca nossa, profundos Rios, imensos e caudalosos Rios. Só nas bandas daqui tem o fenômeno do encontro das águas do Rio com o Mar. A Pororoca. A devastadora e impressionante Pororoca. Só para os cantos de cá tem dois rios juntos em que as águas não se misturam, tem cores diferentes. E o que dizer das terras, todas entrecortadas por braços de rios, como milhares de artérias fervilhantes num corpo gigante. Temos águas em excesso até no ar, nossa umidade relativa sempre muito elevada nos faz sentir comumente “dentro d’água”, respirando água ao invés de ar. Nossos papeis sobre a mesa em alguns locais no fim de uma noite amanhecem úmidos, inflados.
No trabalho, difícil armazenar sem danos os papeis que circulam nas impressoras.
E no calor de quase 40 graus? Parece que vamos derreter qual uma colher de manteiga ao fogo. Escorre água pelo corpo, molham literalmente as roupas. Desconforto total.
Mas de tudo o que realmente impressiona são nossos mananciais, a minha Cidade, por exemplo, foi toda construída em cima das águas.
E o que preocupa?
Foi divulgado que diante de tanta água em um de nossos estados já falta água potável. Incoerente e real. Fruto da nossa ignorância, incompreensão quanto aos fenômenos naturais, o descompasso da natureza pelo universo, mudanças que em trinta anos nos tirarão dessa gastança desmedida de forma traumática.
Porque não economizar agora? Criar essa tal de Consciência Ecológica?
Meu pai, um cidadão de quase 80 anos há pelo menos vinte e tantos usa de maneira consciente e racional a água como se vivesse na Europa. Reaproveita sistematicamente a água que sai do enxágüe final da máquina de lavar para vários fins. No seu pequeno quintal criou mecanismos para coletar água da chuva que também tem destino útil. Um exemplo a ser seguido.
Precisamos refletir, e mais que isso agir. Mínima e rapidamente.