Um Brasil fora do Brasil

Um Brasil fora do Brasil

Nasci Amazônida do que tenho orgulho, maior bacia Hidrográfica do Planeta, maior e mais rica floresta viva, maior biodiversidade, mínimos índices de fenômenos catastrófico-climáticos, oriundos de relevo. Manancial de vida, belezas naturais e um grande, imenso abismo que nos separa e difere do resto do país. Vejamos algumas peculiaridades: As dimensões geográficas e a própria geografia do meu estado permite que deslocamentos entre municípios possam ser até de dias, atravessando infindáveis rios. Alguns deslocamentos por terra podem suplantar em muito distâncias entre países da Europa. O preço, por exemplo, de alguns trechos de viagens aéreas pode custar quase o preço de uma viagem internacional.

Apoio este texto nestas informações para chegar à outra risível diferença: A Amazônia o Norte, a parte os interesses por suas riquezas naturais, por suas terras ditas “improdutivas”, é uma região deslocada do Brasil. Parece um segundo país, outro solitário e deslocado Brasil.

Um Brasil de imensas distorções sociais e culturais, com culturas tradicionais e complexas, onde negativos fatos se destacam na Imprensa nacional e mundial: Caos na saúde, alto índice de Incesto e Pedofilia, assassinatos de Líderes das lutas pela terra, e muita violência urbana, escolar e familiar, feridas abertas que nos envergonham.

No que se refere ao distanciamento, sofremos com um arrastado, paralisado avanço tecnológico, atraso, descompasso com as evoluções que sabemos comum em outras regiões do país.

Em se tratando de tecnologia da Informação, o que nos tiraria do analfabetismo, Exclusão Digital, amargamos o aprisionamento a uma única empresa que detém

na manga a carta da famosa “Banda Larga” e por isso pratica preços elevados, oferecendo péssimo atendimento nos vinculando a ela por mera falta de opções. Carecemos de empresas concorrentes, cuja ausência por aqui busco explicações convincentes, se no país há um sem número de prestadores do serviço, variedade de preços, dinâmica na concorrência.

Para reduzir o “stress” de uma internet móvel lenta que possuía, decidi contratar um Plano que entre outros serviços me oferecia a tal “velocidade” na conexão. Comecei ai uma “Via Crucis” das mais estressantes, a começar por adquirir tal produto via serviço de televendas onde sucederam um rol de não esclarecimentos, agendamento de visitas não registradas, muitas, inúmeras ligações para os insólitos “tele- atendimentos”, sequências de aborrecimentos, horas ao telefone, desencontro de informações, transtornos, desatenção e desrespeito para com o cliente cidadão que só quer, unicamente ter acesso a um produto, algumas reclamações a Anatel por telefone e via Internet e finalmente um atendimento depois de ter contratado os serviços em 01/03/09 e efetiva instalação dando-se somente em 20/03/09.

Em andamento outras questões na mesma Empresa, do mesmo Plano, desta feita para solucionar pendência referente ao telefone móvel. Depois de outra “peregrinação” ao telefone, busquei uma loja, onde bem atendida, encaminhadas finalmente soluções, em conversa com a provedora ouvi da mesma: - Tudo isso poderia ter sido evitado se a senhora tivesse vindo a Loja adquirir o produto.

Então me pergunto: E se o cliente está hospitalizado, porta grave deficiência que o impede o deslocamento?

E se reside em um município distante (como costuma ser por aqui) e a Loja mais próxima é a um dia de distância ou mais?

E para que servem os serviços de Tele-atendimentos, televendas se não para a priori “facilitar” a nossa vida?

É inaceitável, é cômico sem deixar de ser sofrível. É desalentador.

O desamparo, a angústia que me acompanhou até a Loja onde as coisas parecem estar se resolvendo é uma situação a parte, daria um segundo capítulo desta “Saga” a caça de um pouco de eficiência, conforto tecnológico em pleno Século 21 em contra ponto ou versus a insuficiência de qualidade nos ditos “call services” versus a precariedade dos serviços a carência infinita de ofertas na região Norte. Bela trilogia.

Onde estão os investidores?O mercado está descoberto.

Temos potencial.

Não somos a melhor renda do país, mas é sabido que a concorrência propicia preços mais justos, acessíveis.

Nortistas querem, pretendem pertencer ao mundo digital.

O mundo mudou. Nossos rios, nossos povos tradicionais das florestas e indígenas carecem dessa evolução.

Índio não quer mais apito. Índio quer Internet Veloz. E porque não?

Ah, só para registrar, somos (Norte) o começo do Brasil!

Roseane Namastê
Enviado por Roseane Namastê em 23/03/2009
Código do texto: T1500954
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