"VOCE" - SEU MAIOR ENGANADOR...

Enganar, enganar-se e ser enganado são como comer, beber e dormir. Eduardo Giannetti em seu livro “Auto-Engano” conclui que: “sob uma ótica naturalista Darwiniana, mentir e enganar o próximo são propensões universais e inatas do animal humano”. Auto-engano é aquele tipo de mentira que parece nos convencer de qualquer argumento em contrário, mas é incapaz de demover a morte de sua missão, que nos aceita com ou sem máscaras.

O engano é mais do que diz o seu significado. É, com todas as letras, o alicerce que move as relações dos seres “ditos vivos”. Você já pensou o que aconteceria se aquele amor da sua vida deixasse cair por alguns segundos suas máscaras? Nem ameace pensar que porventura ele não tenha alguma… ou melhor algumas. Caso insista em levá-lo assim equivocado à acrópole do seu coração, eis você mais uma vez enganado. Sim, mais uma vez você se deixou enganar. “Deixar-se enganar” é o maior dos enganos e também das masmorras a que nos aprisionamos. Sua felicidade ao invés de tornar o seu companheiro transparente, o transforma no objeto das suas fantasias gregas mais inclinadas às tragédias. É só ele dizer: “eu não sou aquele príncipe pintado na aquarela da sua mente, sou um sapo daqueles que roncam a noite inteira”. Pronto, lá se foi aquele seu lado romântico. Engraçado é saber que para completar seu repertório humano você não perdoa os mentirosos, porquanto seje você o seu maior enganador.

A estratégia do engano é sutil e tem raízes tão profundas no nosso comportamento, que a maioria de nossas derrotas durante a vida não são vitórias dos adversários, mas triunfos do ego-engano. Na guerra mais famosa de todos os tempos não foram os gregos que venceram os troianos, foram os troianos que se derrotaram. Tróia tinha imensas muralhas cheias de labirintos e seu exército foi capaz de resistir aos gregos durante mais de 10 anos. Foi então que o valoroso Rei da Ilha de Ítaca, Ulisses, chamado pelos gregos de Odisseu, teve a brilhante idéia de jogar os troianos contra o seu ego-engano. O que fez este valoroso estrategista? Fez o que fazemos todos os dias com os nossos obstáculos, fingiu retirar-se com toda esquadra grega, mas antes deixou em frente à cidadela um gigantesco cavalo de madeira - animal sagrado para os troianos - cheio de guerreiros em seu interior. Os homens do Rei Príamo o recolheram como se fosse um presente (um verdadeiro presente de grego….). Dentro das muralhas os gregos saíram e promoveram a maior carnificina da história antiga. Você acha que um exército que reuniu seus melhores guerreiros como Aquiles, navegando com todas as suas forças para libertar sua rainha, Helena, a mulher mais bonita do mundo, raptada por Páris, desistiria assim tão fácil? Claro que não. Só mesmo troianos inflados e cegos pelo seu orgulhoso ego-engano morderiam uma isca boba como essa. Exatamente assim mordemos as iscas dos famosos pecados capitais - porque jamais confessamos o que realmente somos, talvez nem mesmo os espelhos suportariam a tamanha loucura dos nossos desejos. Ao contrário imaginamos, induzidos pelo auto-engano, triunfarmos sobre eles.

No bombardeio de auto-engano cotidiano só um feito extraordinário pode servir de escudo e nos poupar de uma vida demasiadamente enganosa - deixar vir à tona o nosso Corcunda de Notre Dame, assim quando uma bela Esmeralda com sua dança nos defender, acredite, ela vai estar dançando para o que verdadeiramente somos e não para nossas máscaras. Esta é a beleza mais divina que a alma pode experimentar, a beleza que recria a felicidade da nudez do Éden… uma oração de vida que nos acompanhará rumo ao nosso céu e enfim,  nesse grande campo de batalha - essa Ilíada pessoal - a que todos transformam a vida, teremos derrotado esta inspiração de Homero: “Odioso como as portas do inferno é o homem que oculta na mente uma coisa e diz outra”.

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