NOSSOS E DO MUNDO


Estado de graça é esperarmos por eles
Aqui no ventre durante nove meses.
Alguns muito apressados
Desejam ver 
o mundo antes da hora
Porém nove meses é o normal.
Normal e abençoado também é esperar
O filho de outra mãe e criá-lo como seu.
O mesmo estado de graça é ter nos braços
Aquela criancinha dependente de você.
Um filho, não precisa ter nascido de nós
É sempre um filho.
As primeiras palavras, as gracinhas as gargalhadas
Os primeiros dentinhos, a fase em que eles mudam
E as janelinhas na boca com a falta deles
Que serão trocados por definitivos;
Os primeiros passos, as primeiras quedas,
A escola, os primeiros coleguinhas, as festinhas
E nós ainda os levando pela mão...
Que saudade!
Acontece que a infância tem um tempo exato
E eles crescem.
Vem a adolescência, as mudanças hormonais
Os segredinhos que escondem dos pais,
As preocupações e a saudade que fica de
Um passado tão próximo o da infância,
Quando dependiam de nós, mas o amor e as preocupações
Crescem com eles só que eles nem percebem!
Vêm as primeiras namoradinhas e muitas vezes
Os percebemos tristes fechados em si e entristecemos
Com eles que não nos quer falar.
É nessa fase que a saudade deles cresce muito mais
Já que não crêem na compreensão dos pais,
Não desabafam e sofrem em silêncio
Até que despontem novas ilusões; são sonhadores
Como também fomos e continuamos,
Só que também não aceitam e nem entendem
Estamos desatualizados com o mundo deles
É o que deixam transparecer.
E é ainda  maior a saudade que cresce
Mesmo estando tão próximos, pois eles se afastam 
Só quem os compreende são coleguinhas da escola,
Depois vem a faculdade e o enfrentar a vida
Com mais seriedade, pensando num futuro
Ainda mais longe de nós.
Mas o amor e as preocupações crescem assim
Como a saudade que continua cada vez maior...
Mas há um consolo mesmo que acompanhado da saudade
Eles crescem ainda mais se tornam adultos se casam.
Virão os filhos dos nossos filhos, nossos netos
E eles aprenderão como pais o que nos deram
A vida toda, inclusive a saudade por afastarem-se
De nós, mesmo estando junto.
E nós, agora como avós iremos reeditar o passado
E voltar a ser pais desta vez dos netos
Enquanto eles, os filhós, irão ter de agora em diante
As mesmas preocupações que nós,
Irão saber que filhos são nossos e do mundo.

Brasília, DF
Registrado na Biblioteca Nacional