A PÁSCOA
A PÁSCOA
Nessa data festiva, principalmente para as crianças, mandei uns doces, pelo correio, para o meu netinho João. Assim que receberam o pacote, minha nora telefonou, agradecendo. Meus pensamentos entraram em devaneios, imaginando qual a reação do João na chegada do pacote e da Páscoa e divaguei. . .
“Mamãe e papai estão falando para eu me comportar porque a Páscoa vai chegar e o coelhinho vai trazer uma cesta cheia de ovos.
Ah! Que Páscoa é esta que vai chegar? Será que a Páscoa é o coelhinho ou uma galinha? Ou um pássaro? Não são as aves que botam ovos? Ou será que esse coelhinho bota ovos?
Essa semana chegou uma grande caixa do correio. Mamãe falou que foi a vovó quem mandou. Fiquei observando-a abrir, imaginando que a vovó sairia de dentro e me encheria de beijos, me pegaria no colo, mas não, mamãe tirou da caixa alguns papéis de embrulho, um lindo coelhinho de pelúcia, umas cenourinhas de feltro, uma carrocinha, parecendo uma carriola e vários chocolates embrulhados em papel laminado, depois que ela montou, avisou:
- “Não é para comer agora é para a Páscoa”.
Entrei em pânico! Quem será essa Páscoa? Não, eu não vou dar meu chocolate para essa tal Páscoa! Afinal a vovó mandou para mim e não para ela!
Enquanto mamãe foi para o banheiro, papai pegou-me no colo, pé ante pé fomos mexer na carriola e começamos a comer.
Mamãe ouviu o rasgar dos papéis e berrou.
- “Benhe! Olha se o João esta mexendo no carrinho? Não o deixe comer, pois é para a Páscoa”.
Papai, com cara de menino arteiro guardou os doces e fiquei triste. Afinal, não entendi se a vovó mandou aqueles doces para mim ou para a Páscoa. Eu sou muito novinho para entender essas complicações dos adultos.
No domingo acordei com a doce voz da mamãe dizendo:
- “Acordem, a Páscoa chegou”.
Fiquei com tanto medo, que cobri meu rosto, pois não queria ver essa tão temida Páscoa. Acho que é uma pessoa muito má, afinal, a Páscoa ia pegar tudo que eu ganhei.
Mamãe chegou até meu berço e disse:
- “Feliz Páscoa, meu filhinho, vamos ver o que o coelhinho trouxe para você?”.
Pegou-me no colo, fomos para a sala. Olhei assustadamente ao redor da sala, no encalço da temida Páscoa; olhei embaixo da mesa, atrás do sofá, até mesmo em cima da TV. Não vi nada, apenas uma linda cesta com ovos enormes, coloridos, a carriola da vovó estava lá, intacta. Não vi a Páscoa nem o coelhinho e fiquei imaginando se o coelhinho carregou tudo aquilo ou se havia botado.
No decorrer daquele dia, percebi que a Páscoa é muito boa!”
Esse meu pensamento voa, inventa, cria fantasias. . . he...he...