Estou sentada na beira do caminho esperando pacientemente 

 
          Para mim esta vida tal qual a conhecemos tem um ponto de partida e um ponto de chegada. É claro que ao falar isto, estou chovendo no molhado, pois é coisa que todo mundo sabe. Ou quase, já que alguns pensam que são imortais e outros morrem sem ter aprendido a pensar. O que acontece durante estes dois pontos e o que pensamos sobre o assunto é o que faz a diferença. Eu penso muitas coisas a respeito e inclusive já mudei de idéia muitas vezes conforme fui crescendo e aprendendo.  Principalmente depois que descobri que mudar de idéia é característica de quem busca a evolução.
          Considero que tenho livre arbítrio. Considero que a partir do momento em que me tornei um ser pensante, capaz de cuidar de mim mesma, eu decido, consciente ou não, o meu caminho. Errando ou acertando a vida é minha responsabilidade. O que vem independente de minha escolha e que sou obrigada a aceitar assim como aceito a morte, a diferença se encontra  em minha reação. Ou seja, em como encaro a vida daí por diante.
          Esta introdução vem a propósito do que acredito ser o recheio da vida, ou seja, o caminho que leva do princípio ao fim. De maneira nenhuma posso aceitar que meu destino esteja traçado por uma mão invisível. Eu acredito em destino, sim: todos os homens têm o mesmo: nascer e morrer. É o único fato real e concreto de nossa existência. Temos também um tempo para existir como seres humanos: um tempo breve ou um tempo longo. Metaforicamente chamamos este tempo de caminho. Um caminho que se bifurca. Alguns caminhos possuem muitas bifurcações. Outros, poucas. Algumas pessoas seguem esse caminho aleatoriamente. Outras, conscientemente. Acredito que o ser humano normal segue ora aleatoriamente, ora conscientemente. Falo isto porque me considero normal e foi assim que segui até aqui.
          Escrever ajuda a pensar. Estou escrevendo, estou pensando. Estou pensando que é chegada a hora de buscar uma nova bifurcação. Não estou satisfeita com o que ando fazendo ultimamente. Meu entusiasmo pulou fora e está a minha espera em uma das bifurcações que vejo em meu percurso. Preciso saber com urgência em que esquina ele me aguarda. Acostumei-me a tê-lo como companheiro de viagem e acho muito chato caminhar por aí sem a sua companhia. Sem ele, ando de cabeça baixa, sem nada ver a minha frente. Sem ele, apesar dos olhos no chão, não me desvio das pedras do caminho e vivo machucada. Outra companheira, que sempre vem comigo também, essa, costuma ficar para trás. Eu vou andando e de repente cadê ela? Sem a Coragem a vida vai ficando perigosa e tudo me assusta. Tudo fica difícil. E aí, preciso dar uma paradinha, esperar que ela me alcance novamente para juntas tentarmos uma nova vicinal em busca do Entusiasmo, que atrevido pula logo fora quando começa a se chatear. Ainda bem que trago no bolso, bem guardadinha, a Esperança. Esta raramente me abandona. E quando me sinto perdida, quando me sinto sozinha neste mundão de Deus, eu a tiro do bolso, me sento à beira da estrada e juntas nós ficamos esperando a Coragem chegar. A Esperança costuma chamar uma sua amiga, com quem não vou muito com a cara, mas que recebo bem nestes casos: a Paciência. Ela ajuda bastante. Sem a sua ajuda eu chutaria o balde.. E então quando a Coragem nos alcança eu digo adeus a Paciência, com meu sincero agradecimento e disparo para frente qual um projétil alucinado em busca do meu Entusiasmo.  Oh, como amo este danadinho!