PEQUENOS DELITOS.
Às vezes gosto de escrever coisas sérias. De vez em quando é bom escrever à serio. O que vou narrar a seguir realmente aconteceu. Procurei ser o mais exato possível na narrativa e se o fiz foi em função da minha perplexidade.
Muitas vezes não prestamos a atenção no que ocorre a nossa volta e assim, não acompanhamos o que de fato acontece, muitas vezes deixando de fazer parte da história e quase sempre, perdendo excelentes oportunidades de nos juntar a uma legião de pessoas que tentam consertar o mundo.
Tudo começou no exato momento em que acabara o expediente e eu me encontrava na fila que esperava a chegada do elevador. E quando ele chegou, suas portas se abriram e com ar de decepção percebemos que estava completamente lotado.
Entretanto, antes que as portas se fechassem totalmente, um apressadinho (metido a esperto) que estava ao meu lado forçou a entrada e acabou descendo naquele elevador com super lotação, com risco de não só ele, o apressadinho, mas todos os passageiros serem vitimas de um sério acidente.
Felizmente, nada de pior aconteceu. Ao sair do estacionamento em fila indiana os carros aguardavam sua vez de passar pela cabine e pagar a diária . Qual não foi minha surpresa quando outro sujeito, cantando pneus como se diz, desrespeitou a fila e se posicionou a frente de todos os que em ordem se encaminhavam para a saída e , bancando o esperto saiu da garagem primeiro que todos nós, os tolos civilizados.
E os pequenos delitos não pararam por aí. Numa estrada de alta velocidade, sem que ninguém esperasse, abre-se a janela de um carro e uma mulher joga uma latinha de refrigerante, que por sorte cai no chão, sendo esmagada pelo carro que vem logo atrás. Mas, e se aquela latinha atingisse um parabrisa de um carro em alta velocidade ? Nem é bom pensar !
Antes de chegar a minha casa, tinha combinado com minha mulher de encontrá-la no supermercado e ao deixar o carro no estacionamento, percebi horrorizado que bem na minha frente, um casal acabara de descarregar as compras e a mulher, simplesmente empurrou o carrinho vazio para o lado, nem se preocupando em observar se estaria atrapalhando ou não o outro motorista quando chegasse para tirar o carro.
Após encontrar minha mulher no salão do supermercado, fui para a fila dos laticínios e o que aconteceu foi simplesmente inacreditável. Um homem parou em frente ao vendedor, segundo ele só para fazer uma rápida pergunta.
Quando o vendedor respondeu o que ele queria o homem cândidamente, inocentemente, pediu para pesar um quilo do tal produto e foi prontamente atendido, quer dizer, um flagrante e descarado desrespeito aqueles que esperavam a vez de serem atendidos numa fila ordeira, quer dizer, formada por tolos civilizados, entre os quais eu me incluía.
Em seguida, passando pelas gôndolas que continham iogurtes, vi uma mulher pegar um potezinho de um daqueles bem coloridos , abri-lo e dar para o filho pequeno comer. Em seguida, ela simplesmente jogou o potinho no chão e o chutou para debaixo da gôndola para que ninguém visse. Acreditem, isso aconteceu na minha frente .
Para não dizer que o dia já tinha acabado, que os pequenos delitos, a falta de educação e incivilidade das pessoas já tinha encerrado mais um capitulo desagradável na novela da vida, eis que percebo que na fila dos idosos, das gestantes e deficientes fisicos um jovem casal, sim um jovem casal cujas idades talvez não chegassem aos 22 anos estava ali naquela fila, considerada especial, privilegiada
Ela não estava grávida e ele não era deficiente físico. Os dois eram o que chamamos de caras de pau. Quer dizer, dois indivíduos completamente desprovidos de qualquer senso de responsabilidade , bom senso e quem sabe, caráter.
Ao relatar esses fatos, não estou querendo dizer que eu mesmo seja um santo. Também cometo erros e até quem sabe, pequenos delitos.
A diferença é que se os cometo é por pura distração e , deve ser levado em conta que sempre me policio, procurando respeitar os direitos dos outros.
O engraçado, para não dizer o lamentável, é que pessoas conseguem ver méritos nesse fato quando na verdade, respeitar o direito dos outros, do próximo, é nossa mais absoluta e prioritária obrigação.
Alguém já disse , e não me lembro quem foi, que os grandes crimes, os delitos de máxima magnitude, começam com a prática de pequenos delitos, aqueles que cometemos e ignoramos sem perceber, cândida e inocentemente......
**************
(.....imagem google.....)