PEREGRINAÇÃO À IGREJA DE S. PAULO
PEREGRINAÇÃO À IGREJA DE S. PAULO
Não sou papa-hóstias nem rata de sacristia mas tento educar as minhas crianças num ambiente saudável e de moral.
Por isso acedi a fazer a tal Peregrinação à Igreja de S. Paulo através da paróquia onde pertenço.
Chegados ao dito lugar, as crianças foram separadas dos pais e para grande deleite destes observam ao seu redor todo o ambiente atractivo que levam realmente o cidadão comum a entrar nestes cultos de fé!
À entrada duas imagens de S. Paulo e de S. Pedro que quando foram vivos foram perseguidos, condenados e executados, um decapitado outro crucificado, no momento presente as suas imagens nesta paróquia estão em forma de estátuas de pedra ao ar livre e com redes à sua frente.
Pensei de imediato: - Coitados dos santos, em vida sofreram o que sofreram e agora já mortos há séculos ainda continuam atrás das grades!
Para ironia das ironias mesmo por debaixo das suas imagens à entrada da igreja encontram-se umas pobres almas pedindo auxílio.
Uma pobre mulher de aspecto romeno, de lenço branco na cabeça, vestes longas até aos pés mas que não a impediam de mostrar as pernas quando um ou outro senhor que ali passava se recusava a dar esmola.
Para castigo, com a pernoca ao leu, mesmo os que não se convenciam com tais atributos, quando menos esperava, mal voltavam costas a dita senhora que era a higiene em pessoa, arrancava da sua cabeça os seus animais de estimação atirando-os às roupas dos miseráveis que lhe recusaram uma pequena dádiva.
A seu lado em sentido oposto uma fera olhava atenta as “ovelhas do Senhor”.
Encostado à parede, de calças de fato de treino, botas da tropa, blusão de napa, camisa de flanela aos quadrados desabotoada, a fera ia mostrando a peitaça imponente adornada com dezenas de correntes de oiro que combinavam perfeitamente com outras dezenas de pulseiras nos pulso e cachuchos nos dedos.
O seu rosto era muito humilde! Com uma barbicha pelos queixos, óculos negros “Ray Ban” e um gorro colorido ao estilo reggae.
Comecei a ter sérias duvidas se aquele lugar seria ou não um Templo de Deus.
Dentro da igreja o sacerdote não podia estar mais feliz, ao ver tanta criança junta.
Pelos vistos ali, naquela zona as crianças eram mais como “animais em vias de extinção” vá lá saber-se porquê…!
Dei graças a Deus por este fim-de-semana ir assistir a uma homilia diferente das da minha paróquia da área de residência em que o coro é tão ruim, tão ruim que mal abrem as suas bocas santinhas sinto calafrios e encolho-me toda pedindo a todos os santinhos para fazerem andar o tempo mais depressa e acabarem logo com todo aquele martírio.
Hoje em dia já não existem milagres e eu fui burra em acreditar por um momento que ira ter algo assim.
Para mal dos meus pecados e de toda a restante assembleia o coro da nossa paróquia veio especialmente para esta missa!
Que bom!
A coisa já estava tão boa que o próprio padre conseguia ainda desafinar mais que as prima-donas do coro.
O desastre era tão grande que ninguém se atrevia a acompanhar os cânticos e simplesmente a maioria das pessoas encolhia-se, tapavam a boca e o nariz num desespero louco para evitarem que as gargalhadas se soltassem.
Finda a deliciosa peregrinação voltámos a casa calados cada um com os seus pensamentos, mas de certo a pensarmos nunca mais nos metermos noutra!
ALEXA WOLF