VOA MINHA LIBERDADE

Pois é, Léia, você que diz gostar quando escrevo filosofando sobre as teorias do meu própria coração, darei mais uma mostra disso e vou me repetir , mas antes digo: hoje o dia amanheceu bonito por aqui, com um “céu azul sem dimensão” e eu me sentindo senhora e dona de mim, a que foi capaz de sair por último e apagar a luzinha verde. Estando no controle absoluto dos meus sentimentos, traço rumo para alçar vôo, me repito e justifico através de palavras já ditas, mas que neste instante sinto necessidade de repeti-las:

VOA MINHA LIBERDADE

Já não me sinto Sísifo castigado pelos deuses, rolando pedra acima, vendo-a descer encosta abaixo para erguê-la de novo, onde o esforço representa o nada.

Agora me sinto livre, estou pronta para assumir o poder sobre mim mesma, pelo que represento e por quem represento. E eu represento a minha própria liberdade de expressão. Então, eu me permito pensar e falar, e plagiando Jessé vos digo: “Voa minha liberdade/ no estalo do meu grito/ quero ver teu infinito / neste azul sem dimensão...” Só não me permito sonhos desvairados e nem penar, pois a minha liberdade não está mais na dor.

Assim, mudo eu, a “vida, vidinha, vidona”, mas as portas cerradas permanecem fechadas e o que sobra é a diáspora. Afinal, quem matou a paz foi Raskolnikov e não eu. (verdade, Dorian, que está no céu?)

O pensador católico Alceu do Amoroso Lima, sentenciou quando vivo: “Somos todos patéticos”. Acredito que sim. Olhe eu aqui, repetindo o fraseado de um homem de nome pomposo, Dom José Ortega y Gasset: “Eu sou eu e a minha circunstância e se não a salvo não salvo a mim mesmo” (sem conotação metafísica). Tem quem afirme (Nivaldo Cordeiro), que depois do “Penso logo existo” de Descartes, esta é a síntese filosófica mais perfeita de um pensador.

Provando mais uma vez o quanto admiro os loucos, deixo de Nietzsche o “VI Selo”:

Se a minha virtude é virtude de bailarino, se muitas vezes pulei entre arroubamentos de ouro e de esmeralda;

Se a minha maldade é uma maldade risonha que se acha em seu centro entre ramadas de rosas e sebes de açucenas, porque no riso se reúne tudo o que é mau, mas santificado e absolvido pela sua própria beatitude;

E se o meu alfa e ômega é tornar leve tudo quanto é pesado, todo o corpo dançarino, todo o espírito ave: e, na verdade, assim é o meu alfa e ômega;

Como não hei de estar anelante pela eternidade, anelante pelo nupcial dos anéis, pelo anel do regresso das coisas (...)

Assim falou Zaratrusta, Léia, assim falei.

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 21/03/2009
Reeditado em 21/03/2009
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