Camisinha!
Dados de uma pesquisa entre jovens católicos (fonte Agência Brasil)
* 96% dos jovens católicos brasileiros são favoráveis ao uso de camisinha para evitar gravidez e doenças sexualmente transmissíveis.
São católicos mas não são burros. Que outra forma haveria de evitar filhos e DSTs? Lembro do disco Acústico Legião Urbana que um dia estava ouvindo e mamãe chegou para xeretar. Renato Russo dizendo “safe sex or no sex at all; sexo seguro: pode fazer tudo, contanto que seja com camisinha“. Minha mãe ouviu e não se conteve:
- Esse cara era maluco! Como ele tinha coragem de dizer isso para os jovens? Será que ele não sabia que camisinhas estouram? Daí as crianças ficam usando camisinha depois pegam aids, e vão morrer, igual a ele.
- Mas mãe, que opção ele teria? Indicar a abstinência, como você faz comigo?
- Claro! Bem mais seguro.
- Mas você acha que eles iam obedecer, como eu?
Assim começou mais uma discussão entre ela e eu. Mais uma que não levou a lugar nenhum. Hoje tenho dois filhos, apesar de usar camisinha regularmente.
Ah, eu tenho que falar sobre isso!
Certa vez, contei um detalhe íntimo a uma amiga e ela, depois de muito rir, disse:
- Airton, se eu contar para alguém que eu tenho um amigo que SÓ usa camisinha para se masturbar e que, por não usar no sexo, já tem dois filhos, ninguém vai acreditar.
Pois é, gente. Eu não confio na minha mão. “ela tem cara de quem dá pra todo mundo: vou usar”.
Os resultados da pesquisa preocuparam a Igreja Católica. De acordo com o arcebispo de Palmas (TO) e integrante da Comissão de Evangelização da Juventude da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, dom Alberto Taveira Corrêa, os números representam um desafio novo para a Igreja Católica brasileira. “Se nós chegamos à conclusão de que um numero tão grande de jovens diz que é de acordo com coisas que não correspondem à orientação moral da Igreja, maior é o nosso desafio, mais nós temos que assumir essa responsabilidade de evangelização, de chegar com a nossa palavra e com o anúncio do Evangelho aos jovens”, avaliou.
Precisei sair de casa hoje e fui durante o trajeto pensando num tema para escrever. Pensando em tudo (nada escapa aos meus olhos), não consegui concluir nada até chegar no hospital Gaffrée e Guinle, onde peguei um informativo sobre tuberculose e aids que me fez pensar em algumas coisas e gostaria que vocês pensassem também.
Reportagens já me mostraram que não são poucas as pessoas que se preocupam mais com uma gravidez do que com uma doença quando dispensam a camisinha nas relações sexuais. Não é exatamente que elas se preocupem mais com o bolso do que com a saúde. É que nós somos homens e mulheres, jovens e coroas que achamos que o risco de uma fecundação é maior do que o risco de errarmos no nosso julgamento sobre probabilidade de o parceiro ter alguma doença.
A gente segue leis básicas (”aquela mulher tem cara de quem dá pra todo mundo: vou usar”; “aquela outra é filhinha de papai, deve ser ‘limpinha’: não vou chupar bala com papel”) e acredita que estas leis nos garantem uma boa chance de manter relações mais prazerosas e relativamente seguras.
Lembro do filme… Lembro do filme, mas não do título. Era Kids, eu acho, em que o rapaz desvirgina uma menina e depois descobre que está com aids. Ou será que era ela que descobria que estava doente? Na verdade não lembro de quase nada senão a cena do sexo. Voltando ao informativo do Gaffrée, vi ali uns casos de pessoas que têm o vírus HIV e depois, com a imunidade baixa, contraem tuberculose. Não que ler aquela revistinha tenha mudado minha forma de ver o mundo, o sexo ou as mulheres, mas ajuda a pensar um pouco mais antes de transar. Na verdade é só mais um item broxante para o sexo, mesmo.
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Em resumo, quem liga para o que a Igreja diz? Nem seus próprios seguidores…
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postado originalmente em http://airtonbolquett.wordpress.com/